quarta-feira, agosto 20, 2008

A Razão do Passeio Olímpico

passeio olimpico
"Lançar a esta hora foi muito complicado. De manhã só estou bem é na caminha."
Marco Fortes - Lançador do Peso, classificado em 38º


"A arbitragem estava feita para ganhar a chinesa."
Telma Monteiro - Judoca, classificada em 9º lugar


"Não me dou nada bem com este tipo de competições."
Vânia Silva - Lançadora do Martelo, classificada em 46º


"Entrar neste estádio cheio bloqueou-me um pouco. Acabei a prova fresco, o que é estranho."

Arnaldo Abrantes - Velocista, último lugar nos 200m

"Vou de férias. Não vou participar nos 5.000 metros porque não vale a pena."

Jessica Augusto - Meio Fundista, eliminada nos 3.000 metros obstáculos


"A égua entrou em histeria com o écran de video."
Miguel Ralão Duarte - Cavaleiro, desistiu na disciplina de «dressage»

"Ai Caralho! Ainda bem que já passou a prova."
Vanessa Fernandes - Atleta de Triatlo, Medalha de Prata

"Aproveito a ocasião para deixar uma palavra de confiança e homenagem a todos os atletas portugueses participantes nos Jogos Olímpicos."
José Sócrates - 1º Ministro, não foi a Pequim

A actuação da equipa olímpica portuguesa em Pequim é o espelho do estado do país: patéticos, irresponsáveis e pequeninos. A estupidez natural é tanta que o Presidente do Comité Olímpico Português se viu obrigado a vir para a televisão pedir brio e profissionalismo aos seus atletas.

Pessoalmente, acho que a atitude dos atletas portugueses é perfeitamente legítima, principalmente porque os vejo como um produto acabado da «Geração Sócrates».
Não se pode pedir à «Geração Sócrates» que seja profissional quando o exemplo máximo de governação reside num engenheiro amador. É óbvio que os atletas se comportam como uns labregos amadores, quais funcionários públicos olímpicos que foram à China passear com o dinheiro dos contribuintes portugueses (15 milhões de euros foram gastos com estes atletas pouco olímpicos) e fazer aquilo que qualquer funcionário público português faz diariamente: nenhum.
E, tal como o seu líder espiritual, a «Geração Sócrates» não assume quaisquer responsabilidades sobre a merda que faz ou diz.

Para Sócrates, a responsabilidade do estado miserável deste país nunca será da sua governação de contabilista: é do governo anterior; é da crise internacional; é do preço do petróleo; é do aumento das matérias-primas.
Para o atleta olímpico português a culpa é das manhãs, dos árbitros, dos estádios cheios de gente. Para o atleta português o ideal seria que os Jogos Olímpicos decorressem num descampado ermo ao lado da Reboleira Norte, à porta-fechada e sem pressão mediática. Eu sugiro que Massamá se oriente e organize os Jogos Olímpicos de Massamá - vai estar à pinha de atletas portugueses a bater recordes mundiais uns atrás dos outros.


Sócrates está a criar uma geração de meninos. De meninos tolinhos e com uma estupidez olímpica só comparada à do seu líder espiritual.

quinta-feira, julho 31, 2008

A Razão do Proto-Engenheiro

protoengenheiro
José Sócrates, o proto-engenheiro, afirmou há dias «que todos os portugueses deveriam voltar às escolas». Estou de acordo. Acho que principalmente ele deveria voltar à escola para conseguir um diploma que não seja passado a um domingo.

quarta-feira, julho 30, 2008

A Razão da Massagem na Praia

massagem na praia
Portugal é um país de funcionários públicos cabotinos e embriagados com os pequenos poderes que lhes são dados para puderem justificar o seu peso injustificável no PIB nacional. Cada vez mais se torna claro para mim porque diabo é que os portugueses elegeram o Salazar como o maior português de todos os tempos - em cada português, e principalmente em cada protozoário do Serviço Público, há um Salazar a querer sair. Basta darem-lhes oportunidade. É o caso do director nacional da ASAE que, numa vertigem alucinada de poder bacoco, desata a proibir tudo o que mexa. E é o recente caso do Comando Marítimo do Sul que decidiu proibir as massagens nas praias algarvias alegando, em declarações à TSF, que «toda a gente sabe como começa uma massagem, mas não como acaba».
Que quererá o Comando Marítimo do Sul dizer com esta afirmação encriptada? Eu prescruto dois significados possíveis: ou os responsáveis pelo Comando Marítimo do Sul passam muito tempo na Tailândia para achar que todas as massagens acabam em putaria ou estão mesmo preocupados com a competência fisioterapêutica dos massagistas, coisa que honestamente duvido.
Enquanto isso o País caminha para uma ditadurazeca encapotada, às mãos destes labregos salazarecos e rebarbados, com erecções despropositadas no meio de uma massagem shiatsu.

terça-feira, julho 29, 2008

A Razão do Gene FTO

gene fto
Uma equipa de investigação da Universidade de Oxford identificou o gene que nos torna badochas. O gene FTO condiciona a sensação de saciedade e faz com que continuemos a enfardar como se não houvesse amanhã, sem a necessidade de engolir uma caixa de Rennies. O gene apresenta-se em duas versões: a light (um único gene FTO) que faz com que os inivíduos desistam de comer depois de 7 entradas, 4 pratos principais e 12 sobremesas; e a hardcore (duplo gene FTO) cujo efeito consiste em só parar de comer quando violentamente espancado com um taco de basebal nas gengivas.
Segundo um membro da equipa de investigação, os indivíduos com o duplo gene FTO «não só comem demais, como apresentam sérias dificuldades em perceber quando estão de barriga cheia».
Os resultados desta investigação fazem-me concluir que o Estado português (essa abstracção incómoda) está atestadinho de genes FTO: depois de sacarem todo o dinheiro que podiam sacar aos contribuintes, inventando taxas e impostos atrás de taxas e impostos; depois de inventarem os pagamentos por conta; depois de nos obrigarem a pagar uma taxa para sermos atendidos em hospitais públicos; depois de obrigarem os velhotes reformados a pagar IRS sobre as suas reformas; depois de voltarem a roubar os velhotes reformados (em 8,3 milhões de euros) obrigando-os a pagar IRS sobre um subsídio de natal que eles nem recebem; depois desta merda toda, os gajos continuam com uma fomeca insaciável por dinheiro.
É por estas e por outras que sou um ferveroso adepto da manipulação genética...

quarta-feira, julho 23, 2008

A Razão da Passadeira

passadeira
Num país civilizado as passadeiras servem para indicar aos automobilistas e aos peões onde uns devem parar para os outros puderem atravessar a rua. Em Portugal não, facto que nos torna num dos países europeus com mais mortes por atropelamento nas passadeiras (e fora delas).
A passadeira em Portugal tem, para a maioria dos peões, um carácter místico a roçar o sobrenatural inconsequente. A passadeira está para nós como a folha de coca estava para as tribos astecas: torna-nos invencíveis. No momento em que põe o pé numa passadeira, qualquer taco de pia enfezado se torna num hulk mal humorado, pronto a dilacerar o camião de oito rodados que o impeça de desempenhar a hercúlea tarefa de atravessar a rua.
Não adianta explicar aos peões portugueses que não há nenhum dispositivo mágico e inexpugnável que se ergue entre eles e os automóveis a partir do momento em que eles pisam naquelas faixas brancas.
Não adianta explicar aos peões portugueses que a passadeira é um compromisso tácito entre eles e os automobilistas. Isto porque os peões se recusam a assumir qualquer compromisso com as bestas condutoras. Afinal de contas, a maioria dos peões portugueses são também eles condutores, e sabem o que a casa gasta quando estão atrás do volante. Por isso mesmo não há compromissos possíveis. A passadeira é deles e os automobilistas que se lixem! Por isso, de vez em quando, encastram os maxilares num capot alheio.
Esta perspectiva nacional da passadeira dá origem a uma série de estilos de passagem. Os portugueses são uns verdadeiros artistas a atravessar as passadeiras e fazem-no com um estilo muito próprio, perfeitamente alheados do facto de puderem ser passados a ferro no momento seguinte. Eis então uma lista dos meus estilos preferidos:

O Peão Pegador de Touros
O peão «pegador de touros» aborda a passadeira agressivamente atravessando-a determinado e sem medos, de peito cheio e com a cabeça ostensivamente à frente do corpo, olhando os condutores fixamente nos olhos, com ar de que lhes parte o carro todo à dentada.

O Peão (Falso) Alienado
Este peão atravessa carrancudo a passadeira a olhar sempre em frente, a fingir que não está a prestar atenção nenhuma aos carros que circulam na rua. Podemos perceber que é um falso alienado quando os vemos olhar para o carro mais próximo pelo canto do olho sem desviar a cabeça do passeio para onde se dirige.

O Peão Snob
O peão snob entra na passadeira com o ar mais descontraído do mundo, olhando desinteressadamente por cima dos automóveis que dele se aproximam, como se estivesse à procura de qualquer coisa no horizonte longínquo. No momento em que está no meio da passadeira agradece com um displicente acenar de mão ao condutor mais próximo, sem se dignar a olhar para ele – para o peão snob é uma honra para qualquer condutor ter o privilégio de o ver atravessar a passadeira.

O Peão Sinaleiro
Os peões desta estirpe parecem polícias sinaleiros sem farda, dado que atravessam a passadeira levantando o braço em sinal de stop para a esquerda e para a direita com um ar autoritário de agente da autoridade.

O Peão Indignado
Esta tipologia de peões não é muito assertiva a atravessar a passadeira. Ficam ali parados, a olhar de um lado para o outro à espera que algum condutor tenha a amabilidade de parar. Como o animal de condução só reage ao movimento, o peão indignado acaba por ficar a gesticular e a apontar para a passadeira, sem no entanto a atravessar para o outro lado.

O Peão Pasmado
É aquele que parece ser um «pegador de touros» mas que a dada altura do seu percurso ao longo da passadeira perde a coragem, borra-se de medo e fica estático, no meio da passadeira, a olhar esgazeado para os condutores parados.

O Peão Indeciso
Os indecisos são uns chatos porque entram na passadeira e recuam e voltam a avançar para recuar no momento seguinte, o que baralha o mais santo dos condutores. Na realidade não se percebeu até hoje se este tipo de peões quer mesmo atravessar a rua ou se está simplesmente a testar a paciência dos condutores.

A «Peôa» Femme Fatale
Exclusivo do género feminino, este tipo de peão encara a passadeira como uma passagem de modelos e o seu objectivo não é somente passar para o outro lado: é fazer os condutores do sexo oposto passarem-se, também eles, para o outro lado. São normalmente atropeladas por condutoras, perdendo algumas vértebras no processo.

O Peão Simpático
É tão inconsciente como os outros a atravessar alarvemente a passadeira, mas tem uma exuberância que normalmente lhe salva a vida. O peão simpático parece ser amigo de longa data todos os condutores à sua volta, cumprimentando e agradecendo efusivamente a todos à sua passagem.

Da próxima vez que atravessarem a passadeira façam-no com estilo, ok? Cuidado meninas...

sábado, julho 12, 2008

A Razão Insuflada

satélite
Desde as 00:00h de ontem é possível ver a imagem de satélite do ego de José Sócrates no Google Earth.
A coisa é, no mínimo, preocupante.

quarta-feira, julho 09, 2008

A Razão do Material

material
Existem verdades lusas indubitáveis com as quais sempre convivemos. Uma das minhas preferidas tem a ver com o «Material» e com o facto de estar universalmente estabelecido entre nós que «O Material Tem Sempre Razão». Esta afirmação esconde uma série de implicações que estão naturalmente relacionadas com a nossa portugalidade. Só um povo como o português é que atribui capacidades lógicas de raciocínio ao «Material». Detenhamo-nos primeiro no conceito de «Material» que, para o português, tem um significado muito restrito: entende-se por «Material» todo o tipo de zingarelho (atenção às tremuras no lábio superior) mecânico ou electrónico cujo funcionamento nos escapa por completo. Sabemos para que serve o «Material» mas não fazemos a mínima ideia como ele funciona. Nem queremos saber.

Sabemos porém que o «Material» tem uma lógica de funcionamento a que chamamos de Razão. Quando tentamos pregar um parafuso numa parede em vez de o aparafusar, causando inevitáveis crateras na parede da sala; quando tentamos, com um pé de cabra, atafulhar uma perna de borrego no microondas; ou quando derretemos a broca de madeira do berbequim a tentar furar uma viga de ferro; percebemos que, no final do dia, «o material tem sempre razão».

O facto do «material ter sempre razão» é algo desculpabilizante para a nossa boçalidade. É uma maneira simpática de dizer «tu és uma besta que não percebes nada do que andas a fazer com esse zingarelho nas mãos» (ou noutro lado qualquer do corpo, dependente do zingarelho que estamos a utilizar). E é exactamente nesta desculpabilização que reside a magia da nossa portugalidade: precisamos de uma espécie de prova material que não temos razão nenhuma. Que a nossa razão é sempre alheia e em última instância pertence a seres inanimados. Como um martelo pneumático, por exemplo. Esse, ao contrário de nós, tem sempre razão.

sábado, julho 05, 2008

A Razão dos Ausentes

ausentes

Os ausentes nunca têm razão.


Philippe Destouches

quarta-feira, julho 02, 2008

A Razão dos Contribuintes

contribuintes
Contribuir
v. int., concorrer para a realização de determinado fim; cooperar; colaborar; ajudar; ter parte num resultado ou numa despesa comum; pagar contribuições.

É curioso ver como o significado desta definição aponta subliminarmente para o livre arbítrio. Cooperar, colaborar ou ajudar é algo que depende da exclusivamente nossa vontade não sendo de todo obrigatório que sejamos obrigados a fazê-lo. São estas mariquices de linguagem que me chateiam porque, na realidade, enquanto contribuinte, sou obrigado a largar mais de metade do que ganho para alimentar uma chusma de inúteis. Ninguém me pergunta se quero ajudar os gajos que andam a mamar do subsídio de desemprego; ninguém me pede se quero ajudar os funcionários públicos que se arrastam penosamente atrás de um balcão qualquer; ninguém me pergunta se quero colaborar com os devaneios da vaidade (e não só) desse proto-engenheiro do Sócrates quando o gajo decide fazer aeroportos desnecessários. A mim, como contribuinte, ninguém me pergunta nada nem deixa nada ao meu livre arbítrio. Sou obrigado a pagar, rapidamente, sem levantar muito a voz e dentro do prazo. Caso contrário o Estado dá-se ao direito de me levar o carro, a casa e tudo aquilo que se possa agarrar. Isto porque, em Portugal, enquanto contribuintes temos imensos deveres e pouquíssimos direitos. Exactamente o contrário do que acontece com o Estado, que tem o direito de exigir tudo e o dever de providenciar quase nada.

Por isso mesmo acho que não podemos continuar a ser considerados contribuintes, porque de facto não estamos a contribuir. Eu tenho a certeza que em nada contribuí para o estado a que este país chegou. Contribuí muito, ao longo de muitos anos, mas não foi para isto. Chamem-nos então outra coisa, que não contribuintes. Chamem-nos putas. Dez milhões de putas que todos os dias são obrigadas a dar mais de metade do que ganham para alimentar essa chula gorda que é o Estado português.

terça-feira, julho 01, 2008

A Razão do Taser

taser
Uma das coisas que está a ocupar as mentes brilhantes do nosso Desgoverno é a utilização de Tasers (armas de electrochoques não letais) nos estabelecimentos prisionais deste lugar mal frequentado a que chamamos de país. Aparentemente, um grupo de mamíferos está a preparar uma lei que autorize o uso indiscriminado desta arma a partir de Agosto de 2008.

Muitos de nós estão a pensar que seria melhor que o Governo pensasse em implementar outro tipo de medidas a partir de Agosto: daquelas que têm um impacto real na economia e sociedade. Mas a realidade é que, na falta de inteligência social e económica, uns electrochoques nos meliantes fica sempre bem. Até porque a medida faz sentido dentro do contexto das medidas políticas aplicadas pelo PS nos últimos 3 anos: depois do choque fiscal, do choque tecnológico e do choque petrolífero, um choque eléctrico é algo bastante coerente.

Pessoalmente sou a favor do Taser para além das paredes prisionais. Acho que o que país tem falta é de umas valentes «Taseiradas» no sítio certo. Esta história das manifestações aleatórias na realidade só serve para atrapalhar o trânsito dentro das cidades e impedir que o país aumente a sua já desgraçada produção per capita. Ao invés disso, se a população portuguesa se armasse de Tasers e desatasse a dar choques aos indigentes, aos políticos (uma variação de indigência, mas enfim), aos membros do Governo e aos funcionários públicos, a coisa tenderia para normalidade.

Imaginem o impacto que a aplicação do Taser teria na Bolsa. Principalmente na bolsa de José Sócrates. Isso é que era um choque!

sexta-feira, junho 27, 2008

A Razão das Operações Policiais

operação policial
Existe um problema de imaginação na polícia portuguesa. E isso reflecte-se no nome que dão às várias operações policiais que de vez em quando desempenham. Se repararmos bem, a designação das operações policiais têm duas características: ou são sazonais ou cataclíticas.

As designações das operações sazonais são aborrecidamente iguais: Operação Ano Novo, Operação Carnaval, Operação Páscoa, Operação Férias de Verão, Operação de Natal e finalmente aquela Operação que é quando um chui quiser: Operação Stop.

Todos os anos é sempre a mesma coisa, com pequenas variantes que consistem no ano em que decorre a operação, e na qualificação que se queira atribuir. Assim sendo podemos ter a «Operação Páscoa 2008» ou a «Operação Natal em Segurança». Ora isto, para além da falta de imaginação, é de uma pobreza intelectual a toda a prova. Realmente percebe-se porque raio um sem número de gente decidiu fazer a sua vida agarrado a um cassetete em vez de colocar a sua imaginação a funcionar e dedicar-se a actividades mais criativas e lucrativas. Como os políticos, por exemplo, mas isso é outra história.
O que interessa reter aqui é que nunca ninguém se lembrou que uma operação policial, até por questões de motivação de própria força policial, não pode ser um papel químico da outra. E como tal não devia ter a mesma designação. Ao dar o mesmo nome às suas operações o que a polícia faz é dizer subliminarmente aos seus membros que é tudo mais do mesmo: o ano é diferente, mas a realidade é que a malta vai continuar a espetar-se toda na estrada como já é hábito.

Sob uma perspectiva de marketing, o facto das operações terem sempre o mesmo nome contribui para que, do ponto de vista do consumidor (entenda-se aqui por consumidor o gajo que vai pagar a multa por toda a infracção que cometa) é que é sempre tudo igual. Em marketing, quando tudo é sempre igual a malta deixa de reparar porque fica tudo a fazer parte da paisagem. E nessa perspectiva o mais certo é que a malta continue também a fazer tudo igual, o que contribui para as expectativas iniciais da polícia: « o ano é diferente, mas a realidade é que a malta vai continuar a espetar-se toda na estrada como já é hábito.» Conclusão: mais do mesmo.

De vez em quando há um polícia mais irreverente, com pretensões criativas, que tenta mudar o status quo e designar uma operação policial de uma forma diferente, mais criativa, mais arrojada, mais impactante. Mas mesmo assim a sua imaginação é precária. Quando as forças policiais tentam arranjar nomes originais para as suas operações acabam sempre por ir parar aos cataclismos da natureza. Estamos perante uma Operação cataclítica quando somos confrontados com designações como «Operação Furacão», «Operação Relâmpago» ou «Operação Tempestade». É curiosa a tendência que estes rapazes de azul têm para o desastre natural. No momento de encontrarem um nome para sua operação, descai-lhes sempre o chinelo para a desgraceira causada por mão não-humana. Vá-se lá saber porquê.

Tendo isto em conta, predispus-me a ajudar as nossas forças policiais e a pensar em designações que possam dar mais projecção mediática e, consequentemente, a gerar maior intimidação junto dos potenciais prevaricadores.

Sugestões para as futuras Operações de Ano Novo:
- Operação Começas Bem
- Operação Multa Nova
- Operação Champanhe a Mais

Sugestões para as futuras Operações de Carnaval:
- Operação Folião Fodido
- Operação Vais Levar C’o Martelinho
- Operação Corso Etilizado

Sugestões para as futuras Operações de Páscoa:
- Operação Coelhinho Sodomizado
- Operação Somali de Chocolate
- Operação Ovinho Surpresa

Sugestões para as futuras Operações Férias de Verão:
- Operação Vou-te Deixar em Monokini (ou Operação Só Te Deixo os Calções)
- Operação Vais Bronzear-te aos Quadradinhos
- Operação Boazona Bêbeda

Sugestões para as futuras Operações de Natal:
- Operação Rena Rudolfo
- Operação Bais Lebar uma Prenda (para aquelas operações que decorram a norte do Tejo)
- Operação Uma Multa é Quando um Gajo Quiser

Sugestões para as futuras Operações Stop:
- Operação Ias Onde?
- Operação Zigezagues na Berma
- Operação Oh Vinho Larga o Homem

Sugestões para futuras Operações genéricas
- Operação Incha Pelintra
- Operação Arrefinfa-le
- Operação Está Bem Abelha Passa Pra Cá o Guito

quarta-feira, junho 25, 2008

A Razão de George Carlin

carlin
Sou um outsider por escolha mas nem tanto assim. É o facto do sistema ser desagradável que me mantém fora dele. Preferia estar dentro se o sistema fosse bom. É daí que provém o meu descontentamento. De ser forçado a escolher ficar de fora.
O meu conselho é: sigam em frente. De vez em quando, hão-de dar convosco noutro sítio.


terça-feira, junho 24, 2008

A Razão Incobrável

EDP
Percebem agora o sorrisinho manhoso no logotipo?

segunda-feira, junho 23, 2008

A Razão do Milagre da Educação

o milagre da educaçao
Portugal tornou-se esta semana um case-study mundial ao nível da educação. As consequências estão a tornar-se um caso sério: as fronteiras estão apinhadas de alunos estrangeiros a quererem leccionar em escolas portuguesas. Os voos para Portugal estão lotados até ao final de Agosto, preenchidos por milhares de altos-responsáveis pela educação vindos de todos os pontos do planeta para aprender com o Milagre Português da Educação. Convenhamos que aquilo que o Ministério da Educação nacional conseguiu fazer é, no mínimo, genial. No espaço de apenas um ano a reforma do ensino nacional conseguiu (mesmo com greves de professores à mistura) fazer com que o país europeu que apresentava um dos mais baixos índices de aproveitamento escolar se tornasse no país que mais génios produz por ano. Há já quem lhe chame o Viagra da Educação: num ano não tens erecção intelectual, e no ano seguinte não há quem te vergue.

A genial revolução partiu, ao que se sabe, do cérebro de Maria de Lurdes Rodrigues, embora este negue qualquer envolvimento com a reforma do sistema de ensino português. A Fundação Nobel emitiu hoje um comunicado informando que irá criar um Prémio Nobel para Educação e que Maria de Lurdes Rodrigues será a primeira laureada, se porventura conseguir preencher o ingresso de candidatura, uma vez que o seu cérebro se recusa em participar em qualquer actividade intelectual que o possa comprometer.

Cavaco Silva exaltou mais uma vez a raça portuguesa afirmando que os genes da genialidade sempre fizeram parte do nosso património nacional. «Somos arraçados de genialidade desde que Viriato usou calhaus perfurantes e de defragmentação, para correr com os romanos dos Montes Hermínios».

Gilberto Madaíl decidiu, à chegada a Portugal, enviar toda a selecção de futebol para a escola. «Vão todos voltar ao primeiro ciclo» afirmou Madaíl «para ver se no próximo mundial temos uma equipa de génios».

A aplicação do novo método nacional de ensino está a ser equacionada em mais de metade dos países do mundo, dado que produz resultados quase imediatos e é de fácil aplicação. Segundo Maria de Lurdes Rodrigues, já considerada o gigante incontornável da educação mundial, basta apenas «muito trabalhinho e matérias que até uma criança de 5 anos entenda». Genial! Viva Portugal!

Ilustração de Henrique Monteiro

domingo, junho 22, 2008

A Razão do Relógio do Cuco

relógio de cuco

Em Itália, os Bórgias reinaram durante trinta anos no meio de guerras, terror, assassinatos e massacres, mas produziram Miguel Ângelo, Leonardo Da Vinci e o Renascentismo. Na Suíça só houve amor fraternal; os suíços viveram 500 anos em paz e democracia, e o que é que produziram? O relógio de cuco.


Orson Welles

sábado, junho 21, 2008

A Razão da Esperança

esperança
Desde pequeno que ouvia que a esperança era a última a morrer. Nunca percebeu muito bem porquê. Pelo sim pelo não, um dia perfilou-as a todas e limpou-lhes eficazmente o sebo – uma atrás da outra. Por momentos hesitou na penúltima, mas a frase ecoava-lhe na cabeça, e acabou por deixar a Esperança para o fim. Ela quase nem sentiu (achou ele).

sexta-feira, junho 20, 2008

A Razão Seguinte

seguinte

Durante os últimos 15 dias o país andou na catarse do costume a acreditar mais uma vez que ao menos no futebol somos os melhores do mundo. Mais uma vez se demonstrou que não somos. Nem do mundo nem da Europa. E por mais sobranceria que os jogadores tenham nas suas conferências de imprensa, o que interessa mesmo é o resultado final. E esse é o que sabemos. Durante 15 dias Portugal e a sua selecção de futebol foram unos. Literalmente. Os defeitos e as virtudes da nação estão espelhados no percurso da sua selecção nacional. A arrogância socrática é copiada pelos jogadores que parece que vão resolver tudo numa penada mas que afinal, à semelhança de Sócrates, é tudo uma fantochada cheia de fragilidades. A selecção continuará a ser a eterna favorita e o país continuará a ser um país adiado.

Há um português mais lixado que todos os outros com a derrota da selecção portuguesa nos oitavos de final. Chama-se José Sócrates. Durante estes últimos 15 dias os camionistas suspendiam por 90 minutos o bloqueio para beber umas cervejolas em frente da televisão onde Portugal jogava; os cidadãos prometiam boicotes aos combustíveis mas à última hora engrossavam as filas nos postos de abastecimento com medo de ficarem apeados; os mesmos cidadãos queixavam-se do aumento dos combustíveis mas inexplicavelmente pegavam nos carros para circular freneticamente na Rotunda do Marquês comemorando os jogos da selecção. Durante este últimos 15 dias de habitual esquizofrenia nacional, José Sócrates gozou de um estado de graça momentâneo, pelo simples facto de ninguém se lembrar que ele existia. A partir de ontem José Sócrates voltou a existir – e mais uma vez pelos piores motivos. Deprimidos com o facto de nunca chegarem a lado nenhum os portugueses preparam-se agora para o novo desporto nacional: lixar um português. E convenhamos que José Sócrates está mesmo à mão para isso.

segunda-feira, junho 16, 2008

A Razão do Futuro

o futuro
O futuro, segundo alguns cientistas, vai ser exactamente como o passado, só que estupidamente mais caro.

quinta-feira, junho 12, 2008

quinta-feira, junho 05, 2008

A Razão da Inteligência Artificial

análise de conteúdo

Como sabem, existem uma série de ferramentas na internet que são «inteligentes», aprendendo com a utilização que fazemos delas. Exactamente o oposto do nosso primeiro-ministro, mas isso é outra conversa. Uma destas tecnologias mais conhecidas é o motor de busca do Google, cujo sucesso se deve à capacidade de aprender com as buscas de conteúdo que milhões de pessoas fazem diariamente. Aparentemente a tecnologia Google, e outras, fazem uma análise do conteúdo das coisas que procuramos e dão-nos os principais caminhos para aquilo que procuramos, sugerindo inclusive caminhos alternativos ou caminhos paralelos. É o caso da Amazon que, percebendo o vosso perfil de compra, vos sugere uma quantidade de items que muito provavelmente encaixarão no vosso perfil de utilizador.

Apesar de ter consciência disto não deixei de ficar surpreendido quando, ao verificar o link que coloquei no post anterior, o Snapshots me indicou uma série de prováveis ligações ao relatório da Autoridade da Concorrência sobre os combustíveis, que ilustro na imagem deste post. Aqui está a prova que a inteligência artificial está a atingir níveis subliminares. Se repararem bem os links relacionados com este relatório são seis: «Sócrates», «Estômago», «Autismo», «Tumor Cerebral», «Trabalho Infantil» e «Morte». Embora nenhum deles apresente uma relação directa com o relatório sobre os combustíveis (tirando talvez «Sócrates», dado que o relatório teve origem num dos seus ministros) todos eles têm uma relação subliminar com o link em causa. Vamos então usar a análise de conteúdo para perceber de que forma é que todos estes temas se ligam ao relatório:

«Sócrates» é de facto a relação mais fácil de estabelecer. O relatório é solicitado por um dos seus ministros e, lendo-o, percebe-se que os combustíveis são mais caros aqui do que em Espanha porque Sócrates insiste em praticar impostos muito acima de qualquer outro país europeu. «Sócrates» é portanto o Efeito e a Causa deste relatório (exactamente por esta ordem).

«Estômago» apresenta uma relação menos provável, mas ainda assim lógica. É preciso ter estômago para continuar a viver em Portugal depois de tudo isto. Só um povo com estômago é que aguentaria ter um governo que se interroga sobre a própria merda que provoca.

«Autismo» é uma relação óbvia. É aliás a característica de toda a governação socialista sob a égide de «Sócrates». «Orgulhosamente sós», frase proferida por um tipo com o mesmo perfil do artolas do proto-engenheiro, parece ser o posicionamento do governo socialista. Alguém se esqueceu de avisar aquela matilha que está lá para servir 10 milhões de mamíferos.

«Tumor Cerebral» apresenta a relação mais difícil de explicar neste grupinho de 6 links. Está relacionada com o Ministro da Economia. Só alguém com um tumor cerebral, cujos efeitos como se sabe é de levar as suas vítimas a incorrer em acções sem lógica aparente, é que se lembraria de pedir um relatório que demonstrasse a ganância incompetente do seu próprio governo. Enfim, foi mais um tiro no pé de Manuel Pinho, nada a que já não estejamos habituados no homem que vaticinou o fim da crise há um ano atrás.

«Trabalho Infantil» pode ser a solução subliminar deste relatório. Já que as gasolineiras não baixam os preços, já que o governo não baixa os impostos, a solução para este país poderá passar por colocar as criancinhas a trabalhar para nos ajudar a todos, como já tive oportunidade de falar aqui.

«Morte» é a solução final. Afinal de contas, e ao contrário do que diz Lili Caneças, estar morto é muito melhor do que estar vivo em Portugal, principalmente no que respeita a impostos.

terça-feira, junho 03, 2008

A Razão do Relatório sobre os Combustíveis

relatório dos combustíveis
Estive a ler o relatório do estudo da Autoridade da Concorrência sobre os combustíveis e, surpresa das surpresas, afinal não são as gasolineiras que nos andam a roubar mas sim o suspeito do costume: o Estado. O estudo conclui que o problema reside mesmo nas taxas aplicadas pelo governo português, que são mais elevadas que no resto da Europa. Naturalmente que como o custo da matéria prima sobe, as taxas fazem elevar exponencialmente o preço dos combustíveis, ajudando o Estado a amortizar o défice causado pelo peso do próprio Estado: ou seja, pela quantidade absurda de funcionários públicos indigentes e respectivos organismos do Estado que são subsidiados mensalmente pelos nossos impostos. Os contribuintes portugueses pagaram assim mais um relatório que tem uma particularidade curiosa: foi solicitado pelo ministro da economia e demonstra que o problema reside mesmo no próprio ministro e restantes colegas – a começar pelo artolas do proto-engenheiro. Nada de novo aqui, portanto.

Mas gostaria de reflectir um pouco mais sobre alguns dados deste relatório que acho deprimentemente hilariantes: nele podemos ver que Portugal é o 5ªpaís mais caro da Europa no que toca ao preço da gasolina. Antes de nós estão, respectivamente, os holandeses, os belgas, os alemães e os finlandeses. Poderíamos sempre dizer que há malta pior que nós, como se isso nos servisse de algum consolo, mas a verdade é que estes 4 países estão bem melhor que nós. Senão vejamos:

Se considerarmos o ordenado mínimo destes países veremos que um holandês ganha no mínimo 1317 euros por mês, um belga ganha 1248 euros, o alemão e o finlandês não têm ordenado mínimo porque isso é coisa que não se pratica nos países deles (cada indústria tem o seu respectivo escalão de ordenados - mas consideremos que estes dois últimos países praticam o mesmo valor da Holanda, os tais 1317 euros) e finalmente o português ganha 426 euros por mês.

Naturalmente que, como o ordenado serve para pagar bens que estão sujeitos a IVA, os verdadeiros ordenados mínimos não são estes. Se retirarmos as respectivas taxas de IVA aos ordenados mínimos o holandês e o alemão passarão a ganhar 1067 euros por mês, o belga ganhará 1014 euros, o finlandês ganhará 1027 euros e o português ficará com a módica quantia de 337 euros.

Considerando os preços da gasolina nos primeiros 4 meses de 2008, se cada um destes indivíduos atestar apenas um depósito de 50 litros de gasolina por mês a coisa fica mais interessante: o holandês paga 77 euros, o belga paga 71 euros, o finlandês paga 70,5 euros e o português paga o mesmo que o alemão: 69,5. Mas o problema é que, enquanto nos outros países um depósito de gasolina representa entre 5% a 6% do ordenado mínimo, em Portugal atestar o depósito representa abdicar de 22% do seu ordenado mínimo. Se um português quiser atestar um depósito extra para vir a Lisboa ao Rock in Rio vai ter um problema no final do mês: não vai poder comprar as ostras e o caviar a que está acostumado...

Mas destas coisas o relatório não fala, embora nos compare com Espanha para dizer que antes de impostos somos mais baratos que os espanhóis. Seguindo o raciocínio acima, um depósito de gasolina representa 10% do ordenado mínimo espanhol. Mais baratos onde, canalha?

sábado, maio 31, 2008

A Razão do Voto

voto

Se Deus quisesse que votássemos, tinha-nos dado candidatos.

Jay Leno

Imagem daqui.

sexta-feira, maio 30, 2008

A Razão da Vaca Fria

vaca fria
No próximo fim de semana, ao que tudo indica, voltar à vaca fria deixará de ser uma expressão idiomática para passar a ser mais um erro de casting do partido que pretende tirar a maioria absoluta ao artolas do proto-engenheiro.

quinta-feira, maio 29, 2008

A Razão dos Miseráveis

miseráveis

Sabemos bem que os culpados pela existência de Portugal foram os franceses. Se Henrique de Borgonha não tivesse existido, muito dificilmente o mundo teria conhecido as incontornáveis sandes de couratos. Mas na realidade o franciú que definiu a essência da nossa nacionalidade não foi o pai de Afonso Henriques mas sim Vitor Hugo.
Todos aqueles que acham que Portugal foi criado em 1143 por Afonso Henriques estão equivocados. Esqueçam os Oliveiras Marques, os Jaimes Cortesões e os Hermanos Josés Saraivas: Afonso Henriques talvez tenha definido as fronteiras físicas de Portugal nesse ano tão remoto de 1143, mas foi Vitor Hugo que em 1862 nos definiu como nação ao escrever «Os Miseráveis». O indivíduo foi tão eficaz a caracterizar-nos que, quase 150 anos depois, ainda parecemos personagens de romance. E a coisa parece estar para ficar...


Foto daqui.

terça-feira, maio 27, 2008

A Razão da Pobreza

pobreza
Mário Soares quer o impossível e afirma que Sócrates deve actuar contra a pobreza em Portugal. Decerto que a intenção de Soares é boa embora enuncie mal o sujeito da acção. Sócrates nunca poderá actuar contra a pobreza por uma razão filosófica muito simples: a pobreza nunca será vencida pela pobreza de espírito. É um paradoxo. Isto porque o resultado da pobreza de espírito será inevitavelmente e sempre a pobreza material. Uma coisa conduz à outra. Alimenta-se da outra. E é nesta espécie de círculo vicioso que nos encontramos.
Quando olhamos à nossa volta e vemos como os governos de outros países lidam com a crise internacional é que temos a noção da pobreza de espírito do governo de Sócrates: toda a gente à nossa volta percebe que a saída da crise passa pela manutenção do poder de compra e do estímulo individual das economias internas. Zapatero percebe isso. Sarkozy, apesar de ter a testosterona aos saltos (quem o pode culpar?) percebe isso. Angela Merkel, com a dificuldade criativa que caracteriza o seu povo, vai percebendo isso. Sócrates não. Sócrates, no seu autismo arrogante, tem dificuldade em perceber o que quer que seja. O proto-engenheiro, para não lhe chamar outra coisa, que já tem um gostinho duvidoso para aprovar projectos de engenharia, é o símbolo da pobreza de espírito deste país. Um povo vale por aqueles que elege para seus dirigentes e, meus amigos, neste momento Portugal vale muito pouco.

terça-feira, maio 13, 2008

A Razão dos Hipocondríacos

Hipocondríacos
Em relação às doenças não há expressão que melhor se aplique que aquela que nos diz que «em caso de violação, relaxe e goze». Na totalidade dos casos as doenças são uma inevitabilidade de estarmos vivos. Digamos que fazem parte do contrato implícito que fizemos com a Natureza: um contrato que beneficia claramente o senhorio e que devia ser alvo de contestação sindical permanente.
Tendo esta realidade em conta é fácil de ver quão despropositados são os hipocondríacos. Durante muito tempo achei que os hipocondríacos eram indivíduos que tinham um medo fóbico da morte e que, por isso mesmo, desenvolviam uma série de comportamentos esquisitos e radicais em relação a todos os potenciais sintomas de doença: um espirro para um hipocondríaco nunca é apenas um espirro – é a primeira manifestação de uma gripe fulminantemente letal; uma dor de cabeça nunca é apenas uma dor de cabeça – é um sintoma claro de um tumor cerebral tamanho de uma bola de basquete; uma dor de estômago nunca é apenas uma dor de estômago – é um claro indício de algo vai obrigar-nos a uma operação de elevado risco onde, na melhor das hipóteses, ficaremos com metade do intestino.
Na realidade, e perdendo algum tempo para pensar no fenómeno, acho que os hipocondríacos não têm medo da morte. Têm medo da vida. O acto simples de viver é algo demasiado perigoso para um hipocondríaco, sempre à espreita de um vírus lixado no virar de um guardanapo. Parecem norte-americanos à espera do próximo atentado da Al Qaeda.

quarta-feira, abril 16, 2008

A Razão do Pau que Nasce Torto

pau que nasce torto
Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai.

Guerra Junqueiro, sobre os portugueses, em 1896

segunda-feira, fevereiro 25, 2008

A Razão do Trabalho Infantil

trabalho infantil
Um recente relatório da Comissão Europeia revela que Portugal está entre os oito países com níveis mais elevados de risco de pobreza infantil. O Governo português, sempre atento a oportunidades para reduzir o déficit sem afectar os seus próprios recursos, prepara-se para resolver eficazmente este problema legalizando o trabalho infantil, matando dois coelhos de uma só cajadada: assim as criancinhas ficam com dinheirinho no bolso, e o Estado português aumenta o seu número de contribuintes em 1.637.637 indivíduos*.
Com esta medida, o Ministério das Finanças poderá renovar no próximo mês todo o seu parque automóvel.

* Nº de crianças portuguesas entre os 0 e os 14 anos.

sexta-feira, fevereiro 22, 2008

A Razão de Tarantino


E se todos os filmes de Tarantino fossem na realidade apenas um grande filme? Esta é a discussão entre Selton Mello e Seu Jorge na curta metragem «O código Tarantino» que abriu o Festival do Rio no ano passado. Muito bom.