Dezembro em Portugal é um lampejo daquilo que seria o país se a sua população ganhasse o dobro do seu ordenado mensal. Excitados e em frenesim com o décimo terceiro mês, os portugueses entopem portagens, atestam o depósito de combustível, invadem pastelarias, restaurantes e bares, atafulham centros comerciais, alongam filas de trânsito, preenchem milimetricamente parques de estacionamento, lotam cinemas, atropelam-se febrilmente em hipermercados, e compram, compram como se não houvesse amanhã, tudo o que lhes aparece à frente. Com os cartões de crédito incandescentes e a cheirar a plástico queimado, os portugueses com o décimo terceiro mês no bolso tornam a vida neste país num autêntico circo alucinado de consumo. Imaginem se tivéssemos o nível de vida da nossa vizinha Espanha: seria isto todos os meses do ano! Um verdadeiro inferno.
Não estamos estruturalmente preparados para ganharmos o dobro do que ganhamos agora. Chego à conclusão que não temos vocação para prosperidades económicas: tratamos rapidamente de lixar o nosso orçamento disponível. Vai ser interessante ver a calmaria de Janeiro. Vai, vai.
quinta-feira, dezembro 07, 2006
A Razão do Décimo Terceiro
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