Ligou o computador, sentou-se na secretária e ficou a olhar para o ecran negro que ganhou umas cores enquanto carregava o sistema operativo. O anti-virus informou-o que se estava a actualizar. Uma janelinha no canto do monitor indicava 15 mails por abrir.
Abriu o browser e entrou na página de edição do seu blog. Perdeu a noção do tempo e, duas horas depois, ainda ali estava sentado na secretária a olhar para um ecran luminoso, que lhe mostrava uma página de edição em branco. Não tinha conseguido escrever nada. Nem uma palavra. Tornou a perder a noção do tempo e só voltou a si quando foi assolado por uma sensação esquisita de náusea. Sentiu-se dentro de uma centrifugadora alucinada: começou a ver o escritório a andar à volta. Por momentos ainda conseguiu distinguir os objectos, o ecran em branco, o cinzeiro atestado de beatas, várias chávenas vazias de café. Mas com o aumento da centrifugação tudo se misturou num padrão esquisito e multicolorido. Ainda teve tempo de pensar que aquilo era capaz de dar um quadro giro, daqueles quadros impressionistas. Pensou também no post que não escreveu. Depois disso não se lembrou de mais nada. Não se lembrou se vomitou ou não. O padrão esquisito e multicolorido transformou-se numa imensidão de negro.
Foi encontrado pela empregada da limpeza no dia seguinte. Morto em frente a um ecran luminoso que mostrava a página de edição do seu blog. Em branco.
O senhores do CSI da esquadra da Brandoa disseram que tinha morrido por sufocamento. Tinha perdido a capacidade de inspirar. Só expirava. E expirou.
quarta-feira, julho 05, 2006
A Razão da Inspiração
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