Eu queria aqui deixar bem claro que, lá porque critico por vezes brutalmente a nossa triste e vil nacionalidade isso não significa que a desdenhe (ao contrário de muitos tugas malaicos que andam por aí, e aos quais teria muito gosto de apresentar uma tribo somali devidamente untadinha de vocês sabem o quê).
Não senhores, eu cá gramo de sobremaneira de fazer parte de um país cuja fundação começou com um belo par de chapadas dadas por um filho de uma mãe (convenhamos que ela andava a pedi-las); orgulho-me diariamente de um gajo que prometeu pagar uns trocos ao Papa vigente para transformar este território num país, e que depois o enganou à campeão e nunca lhe deu um chavo (se os gajos que vieram a seguir lhe tivessem seguido o exemplo, a igreja não teria estragado tanta coisa por aqui); rejubilo em histeria quando este mesmo gajo desata a arrear porrada de três em pipa nos sarracenos e funda uma data de merdas, inclusivé Lisboa. Não haja cá dúvida que se havia gajo que sabia fundar era ele.
E depois orgulho-me de outros gajos e gajas que contribuiram para este projecto: a padeira que ostentava uma destreza letal com a pá; o tipo de Avis, que pôs o Andeiro a andar; os gandamalucos que se puseram a fundar além-mar em casquinhas de noz; os gajos que enganaram os castelhanos (esses grandes porcalhões javardos filhos de uma carruagem atestada de lolitas) em Tordesilhas; o tipo de um olho só que idealizou e escreveu uma nação que não estava lá, e um império que de quinto não tinha nada.
É claro que depois deste anos áureos já não me orgulho de grande coisa, mas que no início aquela malta tinha razão, oh meus amigos, lá isso tinha!
Publicado originalmente em Dezembro de 2004
1 comentário:
E deviamos ser orgulhosos de Salazar, a razão Salazarista. No tempo dele não existiam razões para greves! Concerteza que não existiam muitas outras razões! No tempo dele até a função pública tinha razão de ser!
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