Adoro o meu cão. Adoro todos os meus cães. Todos os cães que já tive, adoro-os a todos. E ao longo da minha vida, acreditem, já tive um monte de cães. A gente acaba sempre por arranjar um novo cão, não é? É verdade. Ao longo da vida arranjamos sempre um cão atrás do outro. É o segredo da vida. A vida é uma sucessão de cães.
Às vezes conseguimos arranjar um cão que se parece exactamente com o cão que tínhamos. É verdade. Se dermos uma volta pelas lojas de animais conseguimos arranjar um idêntico ao cão anterior. Entramos com o cão morto pela loja de animais adentro, atiramo-lo para cima do balcão, e dizemos «Arranje-me um igual a este». E, espectáculo, eles trazem-nos um que parece a fotocópia do sacana do cão morto. E isto é extremamente prático, porque assim não temos de andar a trocar as fotografias que temos espalhadas lá por casa.
É isto que os cães têm de bom. Nunca vivem muito tempo, e nós podemos sempre arranjar outro.
terça-feira, fevereiro 28, 2006
A Razão Canina
segunda-feira, fevereiro 27, 2006
A Razão das Manias
A malta tem uma propensão inata para desenvolver manias, pequenas rotinas que se criam, não se sabe a que ponto da nossa existência, e que depois fazem parte do nosso dia a dia, tornando-se tão banais e tão normais para nós que não damos por elas. São por assim dizer, os nossos bugs. Mas o facto de não darmos por elas não significa que os outros não reparem nas nossas manias. Uma das minhas entretenhas é observar as manias alheias. Diverte-me olhar para os bugs dos outros e saber que afinal até sou um gajo normal. Tremendamente normal.
O meu vizinho do 3º esquerdo, por exemplo, tem a mania de ouvir música em altos berros, que acompanha a cantar (miseravelmente, aliás) depois de mandar uma queca na vizinha do 2º direito (que tem a mania de gritar «É só fumaça! É só fumaça! O povo é sereno!» sempre que atinge o orgasmo).
Já o dono da pastelaria ao lado tem a mania de dispôr todas a latas de refrigerante e de cerveja de cabeça para baixo, sendo incapaz de estar um segundo sossegado, agitando-se pela pastelaria num frenesim alucinado, de pano na mão, sempre a limpar/esfregar qualquer coisa de uma maneira vigorosa, como se tudo estivesse permanentamente sujo. Uma dia perguntei-lhe porque diabo estavam as latas todas viradas do avesso. «Por causa do pó.» respondeu-me, «Você gostava de meter a boca numa lata cheia cheia de pó?».
O homem da livraria, desde que se começou a falar da gripe das aves, tem a mania de usar luvas de cirurgia e aquela pequena máscara branca anti-contágio. Não se percebe nada do que ele diz, mas o homem insiste em ter aquele ar de que no minuto segundo vai entrar na mesa de operações.
Por isso, quando me pediram para falar das minhas manias, achei que eram perfeitamente desinteressantes, quando vistas à luz do que anda por aí. A minha normalidade até chateia. Ainda assim, não vou deixar este rapaz pendurado.
Sempre que vou ao hipermercado tenho a sensação de que os gajos me estão a analisar os padrões de compra com câmaras atrás das prateleiras dos produtos, e costumo gritar frequentemente «Podem saír! Já vos topei!!» para a segunda linha de embalagens na prateleira (é lá que eles têm as câmaras!).
Quando participo em conversas que me interessam, costumo fixar a orelha esquerda de quem está a falar e acenar a cabeça afirmativamente, repetindo de tempos a tempos «Marco Bellini é que sabe. O segredo está na massa.» Quando a conversa não me interessa, olho para o lado e canto, mais ou menos gritando, «The hills are alive!» numa alusão desinteressada à «Música no Coração».
Sempre que bebo vodka tenho a mania de a gargarejar inicialmente ao som de Piaf (gosto particularmente da entoação que dou à «La Vie en Rose») e só depois é que a bebo. Já me mostraram muitas vezes a porta da rua à conta disto, mas é mais forte que eu.
Sempre que me apresentam alguém tenho uma imensa vontade de lhe beijar as bochechas e de perguntar se alguma vez considerariam o botox. Normalmente contenho-me e não faço nada, mas custa-me imenso. Quando me apresentam mulheres de decotes generosos tenho a tendência de falar à vez para cada uma das mamas, virando a cabeça para a direita ou para a esquerda, dependendo da mama para que estou a falar.
Como vêem, as minhas manias não são nada de relevante, e passam perfeitamente despercebidas. Sou aterradoramente normal. Uma seca.
domingo, fevereiro 26, 2006
sábado, fevereiro 25, 2006
A Razão da Imortalidade
sexta-feira, fevereiro 24, 2006
A Razão do Reality Show
Há uns tempos atrás o Zé Maria, aquela alma simples do Big Brother, tentou suicidar-se, depois de ter estoirado o dinheiro que ganhou no concurso em projectos falhados.
Marco, o neanderthal do pontapé maravilha do Big Brother, foi detido pela polícia no ano passado, acusado por um camionista de agressão selvática e persistente numa fila de trânsito.
A semana passada li que o Mário, o loiro burro do Big Brother, foi preso pela judiciária, acusado de liderar um gang responsável por assaltos à mão armada na zona do Porto.
A julgar pelos exemplos acima, os reality shows serão largamente responsáveis por toda uma geração de anormais desajustados e destrambelhados, com a mania das grandezas e do sucesso fácil. Não falo só dos anormais que por lá pululam, mas também dos anormais que diariamente enchem as audiências deste tipo de programas.
Parece-me óbvio que os reality shows dão cabo da vida pública dos seus participantes, que consequentemente passam a lidar muito mal com isso nas suas vidas privadas. Ora se assim é, porque não assumir as coisas frontalmente e criar programas que arrebentam com a vida dos gajos logo ali em directo, à vista de toda a gente, em vez dos abandonar à sua sorte no fim de cada programa? Seria infinitamente mais honesto do que acontece agora. E geraria muito mais audiência.
Foi a pensar nisto que elaborei algumas ideias passíveis de serem utilizadas pelo Piet Hein, free of charge, nos seus futuros lixos televisivos:
O Atol
Um grupo de labregos é colocado num atol de Mururoa. São formadas equipas de dois elementos e a cada indivíduo é dado um componente de uma bomba nuclear de potência desconhecida. Cada elemento da equipa é colocado num ponto do atol, bem distante do seu companheiro de equipa. O objectivo é encontrarem-se o mais rapidamente possível, juntando os componentes da bomba e accionando o dispositivo. Vence quem conseguir destruir o atol primeiro. Prémio de 100.000 euros para os primeiros, que será doado à TVI se os participantes não se apresentarem nos escritórios do Piet Hein duas horas depois de finalizada a prova.
Um grupo de quarentonas encalhadas é largado na selva ardente à mercê de uma tribo de somalis devidamente untadinhos e com a testosterona alterada quimicamente de modo a não pensarem noutra coisa que não seja a sodomia brutal e persistente.
Ao fim de três meses as quarentonas serão recolhidas e a vencedora será aquela que ostentar um caminhar mais esquisito.
Um reality show com anões, cavalos pentapérnicos, e mulheres desnudas, que tem características próximas do triatlo olímpico.
Os anões são inicialmente catapultados para dentro de campos de minas, que terão que atravessar até chegar aos cavalos pentapérnicos. Os que sobreviverem à queda e às minas terão que cavalgar 20 km num campo de urtigas e espinhos, agarrados à quinta perna do cavalo. Os que conseguirem transpôr a segunda fase da prova serão de novo catapultados para o campo de minas. As mulheres desnudas na realidade não existem, e são apenas um motivo para dar cabo dos anões. O anão que sobreviver estará automaticamente apurado para «O Atol».
O Cartoon
Destinado a toda essa malta com talento para o desenho que anda por aí. Doze cartoonistas são fechados numa sala blindada com um fundamentalista islâmico que, embora ninguém saiba porque não se vê, está atestadinho de explosivos na zona rectal. Os cartoonistas têm que desenhar temas religiosos alusivos ao Ramadão. Quem conseguir fazer explodir o árabe ganha umas próteses biónicas (último modelo) para os bracinhos.
Reality show que simula o interior de uma repartição pública. A cada um dos quinze participantes é facultado: uma máquina de escrever Remington de 1916, trinta resmas de papel pautado, cinco resmas de papel químico, uma caixa de lexotans. Vence quem conseguir levar mais tempo a deferir um processo. O premiado será catapultado para o campo de minas dos anões. Os restantes irão servir de figurantes em «O Atol».
quinta-feira, fevereiro 23, 2006
A Razão em Massa
O sucesso dos jornais, da rádio, da televisão e mais recentemente da internet e, dentro desta, o sucesso dos blogs, deve-se a esta progressão geométrica do fenómeno de comunicação de massas. A tal ponto que o fenómeno está banalizado: os jornais abrem falência, há muito que as rádios perderam a sua pujança, há em Portugal cerca de 500 canais de televisão, e no que toca à internet, qualquer labrego faz um blog e diz os disparates que lhe apetecer (na maior parte das vezes copia os disparates de outros).
É preciso então criar um novo paradigma para além da comunicação de massas. Não há pachorra para aturar as opiniões do fusili. Já se tornou insuportável ler as crónicas do tortelini. Os devaneios hipócritas do tagliateli são merecedores de uma tribo de somalis. As picardias infantis entre o fetuccini e o linguini já não têm o mínimo interesse (nunca tiveram, aliás). O rigatoni tem a mania que é poeta e só escreve merda. O penne é um rebarbado que só fala de sexo. O conchiglie gosta à brava de dar conselhos bacocos que nem ele próprio segue. O ravioli tem uma cultura musical vergonhosa e além disso cheira mal da boca. Pim. O capeletti saca diariamente daquelas piadas requentadas com cheiro a mofo, capazes de levar ao rubro um lar de velhotes a soro. O farfale com os seus problemas existenciais crónicos e maçadores. O tortiglioni a dar a entender que é gay, à pesca, a ver se lhe cai alguma coisa na rede. E até a massa crítica como o esparguete ou o macarrão já não tem nada de novo para dizer. A comunicação de massas é uma verdadeira seca sem interesse nenhum. Um deserto intelectual já que, como alguém dizia, as massas não pensam.
Sugiro um novo paradigma: a comunicação de sushis. Fresquinha todos os dias. Cheia de estilo. Bonita à brava. E indubitavelmente mais saudável que a comunicação de massas. Com pauzinhos e tudo.
quarta-feira, fevereiro 22, 2006
A Razão do Grilo Falante
Da série «histórias mal contadas» temos o Pinóquio: a história de um velho pedófilo de nome Gepeto que, numa altura em que ainda não existiam bonecos insufláveis com orifícios em pontos-chave, decide fazer um menino de pau para dar largas à sua perversão. Não vamos aqui discutir a matéria-prima escolhida pelo velho, podia ter escolhido silicone, esponja ou outro material, mas escolheu madeira e o gajo é que sabe, e isso agora não interessa nada.
Um belo dia, sem mais nem porquê, o menino de pau feito ganhou consciência. Desatou a falar que nem uma criança normal, e a fazer as barbaridades que as crianças normais fazem, com uma particularidade curiosa: sempre que dizia mentiras crescia-lhe o nariz. Até aqui não há nada de novo, tirando aquela referência semi-fálica do nariz, que também não interessa nada para este post.
O que realmente interessa aqui é a personagem que se torna amiga do menino de pau feito: um grilo. Um grilo falante capaz de enervar a criatura mais plácida. Um insecto que partia constantemente a cabeça do menino de pau feito, dizendo-lhe o que devia e o que não devia fazer. Uma espécie de Marques Mendes a chatear a bancada socialista por dá cá aquela palha. Todos nós temos este maldito grilo a chatear-nos diariamente. Mas há alguns de nós que dão uma utilização criativa ao grilo – é o caso de Ernesto Guevara que tinha um grilo que lhe dizia para ir dar uma volta pela América Latina; é o caso de Richard Branson, da Virgin, que há anos que tem um grilo a mandar-lhe dar uma volta ao mundo de balão; é o meu caso, que a dada altura tinha um grilo a mandar-me despejar num blog todos os disparates que me vêm diariamente à cabeça.
O que é importante reter aqui é que nem todos os grilos são de qualidade. Há grilos que são perfeitos anormais. Há grilos que não podem, nem devem, ser levados a sério. Mas na maior parte dos casos, os grilos dão-nos boas dicas. Há grilos verdadeiramente geniais. Ouçam o vosso grilo.
terça-feira, fevereiro 21, 2006
A Razão da Síndrome de Tourette
A síndrome de Tourette é um distúrbio neurológico herdado geneticamente e que se manifesta de duas maneiras: através de tiques corporais tais como movimentos súbitos com a cabeça, ou com todo o corpo como se tivéssemos metido o dedo na ficha, caretas esquisitas, piscar de olhos aleatório e involuntário; ou ainda de uma forma mais sonora, emitindo descontroladamente sons vocais incompreensíveis, algumas vezes na forma de grito, de grunhido, de latido, ou de riso involuntário. Nas manifestações mais radicais da doença, os afectados com Tourette soltam violentos palavrões sem que tenham a capacidade de auto-controlo. Aquilo sai-lhes e pronto.
Eu sempre achei que havia alguma coisa de errado com a malta do Norte. A sua capacidade de encastrar palavrões no meio de um discurso normal sempre me surpreendeu. Achei até que era uma arte. Não é fácil debitar facilmente um chorrilho de palavrões numa única frase e conseguir que esta continue a ter sentido. Inexplicavelmente a malta do Porto sempre o conseguiu fazer sem aparentar qualquer esforço. Só hoje é que percebi porquê.
Mas não se pense que só no Norte do país é que a malta sofre da síndrome de Tourette. É certo que lá é mais grave (muito mais grave, aliás) mas no resto de Portugal ninguém está imune à doença, havendo uma situação em particular, onde os casos mais leves revelam a doença em todo o seu esplendor: ao volante de um automóvel. A maneira mais rápida e menos onerosa de perceberem se padecem de Tourette é conduzirem um carro. E aí, meus amigos, é que nós vemos a gravidade da situação em todo o território nacional.
Nota: Em resposta às dezenas de e.mails que tenho recebido, venho confirmar que o senhor da foto é, de facto, o estreptococo do Saramago.
segunda-feira, fevereiro 20, 2006
A Razão da Gripe das Árvores
A OMS alerta ainda para o facto do vírus se desenvolver a velocidades diferentes de espécie para espécie de árvore, havendo potencialmente árvores mais perigosas que outras. A estirpe mais letal parece ter-se desenvolvido no Carvalho, tomando a designação de «gripe do carvalho» mas existem outras espécies igualmente perigosas.
Portugal é, segundo a OMS, o país europeu melhor preparado para enfrentar a gripe das árvores, não porque tenha aprisionado vacinação suficiente para a sua população, mas porque tem paulatinamente dizimado pelo fogo a sua população de árvores nos últimos 10 anos. Só em 2005 arderam 300.000 hectares de árvores de variadas espécies, correspondendo a 25% do total de área ardida na Europa do Sul.
A Direcção Geral de Saúde (DGS) já emitiu uma circular a desdramatizar a situação, afirmando que o risco da gripe das árvores entrar em território português é mínimo, e embora estime que 6.000 portugueses possam vir a ser vítimas de quedas de árvores durante 2006, nada disso estará directamente relacionado com o vírus.
A DGS publicou entretanto no seu site uma lista de árvores que poderão constituír maior risco para a saúde pública e com as quais deveremos tomar precauções:
Carvalho – por poder conter a estirpe mais perigosa do vírus. Se virem um carvalho rouco ou com uma leve espectoração queiram reportar às autoridades locais.
Eucalipto – apresenta um risco elevado de contágio. Os sintomas do virus são visiveis a olho nú, apresentando o eucalipto um tom esverdeado e escarrando copiosamente. Se o escarro fôr verde reportem às autoridades locais.
Pinheiro Manso – apresenta um risco nada manso e é a árvore com movimentos migratórios mais rápidos, podendo deslocar-se a uma velocidade de 2,5mm por hora. Se depararem com um pinheiro manso a lacrimejar seiva e a praguejar, informem as autoridades locais.
Publicado originalmente em 20 de Outubro de 2005.
A Razão dos Surfistas
Ontem passei por São Torpes. Estava um sol brilhante, uma ventania alucinante, e o mar presenteava-nos com uma magnífica tempestade, daquelas que produzem ondas acima dos quatro metros. Num dia normal aquela praia estaria cheia de surfistas, a boiar em cima das suas pranchas, à espera daquela onde que nunca vem. Mas ontem não. Não havia sinal de surfistas. Ontem, que havia ondas consideráveis, os surfistas ficaram em casa. O que prova a minha teoria de que o surf não é um desporto mas apenas um grupo de labregos amaricados que gosta de exibir as suas long boards com desenhos munta malukos e as suas namoradas, normalmente umas boazonas acéfalas, que conseguem estar uma tarde inteira a olhar para o namorado a boiar, sem que os seus dois neurónios sejam capazes de se encontrar e provocar uma sinapse.
Na altura em que se deviam colocar em cima da prancha e apanhar ondas à séria os surfistas pegam na trouxa e bazam. Vão para o bar mais próximo falar da onda que nunca vem. Aquela onda. Aquela merda que parece uma auto-estrada de 6 vias, que um dia há-de vir e que eles hão-de galgar, se não estiverem no bar da praia e emborcar cervejas, a ganhar coragem para meter os testículos na água.
Daqui por uns dias, quando a tempestade passar e São Torpes voltar a ter aquelas ondinhas de merda, lá hão-de estar os labregos dos surfistas, a boiar que nem morsas, depois de terem realizado aqueles rituais bacocos antes de entrar na água, com aquele olhar estudado diariamente ao espelho, a fingir que olham para o infinito, e a simular que têm um pensamento mais profundo que a quilha da sua long board. Maricões de merda, é o que é...
domingo, fevereiro 19, 2006
A Razão na Estrada
Já repararam, quando estão a conduzir, que qualquer condutor que ande mais devagar que vocês é uma abrótea? E que qualquer condutor que ande mais rápido que vocês é um javardo assassino?
«Olha só para esta abrótea!» [aponta para a direita] «Olha para aquilo! Lesma do caraças!» [olha para a esquerda] «Poooorra!! Olha para a velocidade que aquele javardo leva!»
Digo-vos sinceramente malta: é um milagre como é que ainda chegamos ilesos a qualquer lado com todos essas abróteas e javardos à solta na estrada. É que ninguém conduz à mesma velocidade que eu.
Na verdade, eu não deixo ninguém andar à minha velocidade. Se olho para o espelho e vejo um tipo a tentar manter o passo comigo, reduzo. Deixo o palermóide passar e ficar um bocadinho à minha frente, só para o manter debaixo de olho. Gosto de conhecer o estilo de condução de quem anda à minha volta. Aliás, há vezes em que nos sinais vermelhos lhes pergunto há quanto tempo é que têm carta. Nunca é demais sermos cuidadosos.
George Carlin
sábado, fevereiro 18, 2006
A Razão do Escrevedor de Cartas
Ted L. Nancy tem um hobby peculiar: escreve cartas para as mais diversas entidades a fazer os pedidos mais absurdos e hilariantes. E depois aguarda as respostas. Reza a história que um dia alguém mostrou as cartas de Ted Nancy ao Jerry Seinfeld e que este, no meio de muita gargalhada, as ajudou a publicar. O livro foi recentemente publicado na nossa novela mexicana e é impossível lê-lo em zonas públicas sem parecermos verdadeiros alucinados.
Têm aqui um cheirinho do que é uma carta de Ted L. Nancy:
Ted L. Nancy
560 no.
Circo Ringling Brothers
267 South Tamiami Trail
34275
Eu meço 68 centímetros de altura, peso 30 quilos e actuo como PIP, O GRANDIOSO GUINCHO. Sou capaz de actuar no vosso circo durante cerca de 3 horas seguidas a balançar coisas em cima de mim, a dançar, a fazer imitações e a animar as coisas, de uma forma geral. O meu espectáculo é muito contido. Permaneço numa pequena área, canto, danço, ando de skate, rodopio, balanço, tropeço, páro e recomeço, corro em diferentes direcções e em várias velocidades, travando abruptamente e com derrapagens espectaculares. Este espectáculo dura cerca de duas horas e vinte e cinco minutos. Sou capaz de levantar mais de 35 quilos dobrado.
Cobro 550 dólares, o que inclui as minhas vinte mudanças de vestimenta. Costumo trazer um pequeno biombo atrás do qual troco de roupa, saltando detrás dele e continuando a actuar. Se o biombo estiver bem posicionado, ninguém consegue ver-me mudar de roupa. As pessoas adoram-me!
Gostaria muito de actuar no Circo Ringling Brothers. Admiro o vosso circo desde há muito tempo e adoraria fazer parte dele. O público tem afluído de toda a parte, desde a Europa às Bahamas, ao Canadá e a Tonga, para assistir ao meu espectáculo. Sou realmente um animador. Estico-me, grito, faço flexões, chamo nomes, levanto um homem qualquer do público e ando à roda com ele. Murmuro. Ladro.
Ted L. Nancy
Pip, o Grandioso Guincho
Caro Mr. Nancy:
Obrigado pelo seu interesse em actuar em «o melhor espectáculo do planeta». Apreciamos o seu interesse e estamos sempre à procura de novos talentos. Agradecíamos que nos enviasse um vídeo do seu espectáculo para que o pudéssemos avaliar. Se puder, faça-o com alguma urgência. Estamos a preparar agora o espectáculo dos próximos anos.
Obrigado por considerar o Circo Ringling Brothers e Barnum e Bailey.
Com os nossos melhores cumprimentos
Jim Ragona
Coordenador de talentos e produção
sexta-feira, fevereiro 17, 2006
A Razão Encriptada
私がことそれらがそこになかった、普通捕獲物修理した昨日の日の半分の1 つ小さい農場で。私は結合しなかった、それらがリターンを与えることを行ったことが、そして後で戻ることが私は分った。しかしない。渡される時間および何 も。それらの信号。私はベッドの家の内部の鋸のそれらを下に見るに、それの戸棚のの中でカーテンの後ろで、掘る向かった。何も。私は競技場で上がる親指の 待ち時間に、戦っているテレビ及び鋸2 の道化師を選挙それ区切る。絶対確実性の彼らがそこにいなかったこと。私は家を去る為に終わり、前部の庭の歩行を取るために、そこに着席させたハトへの食 糧の弾力性への銀行の1 つでそれらのためのそれがあることができる。しかしハトあった。私は通りをたどって行き、車でつかまえた。私は方針及び病院の艦隊のための携帯電話のよい 組の側面を神経質に見る都市のための時間を間、同時に、それ区切る導く。私がのために結合するために着いたまで。だれも彼らが歩いた考えを作らなかった。時の間それに交差の後の一見のそれら見られた私があったようである。しかしな い、誤報。私があきらめることのために終えた既に夜内部- おそらくそれらは週末の先に、私考えたあった。そしてこれについて考えて私は理由のないこの時間の週の最後のポストを、出版した。
Agora desenrasquem-se. E bom fim de semana.
quinta-feira, fevereiro 16, 2006
A Razão dos Sonhos
É impressionante a capacidade que os mamíferos têm de inventar maneiras de enganar e sacar dinheiro a outros mamíferos. Um desses esquemas manhosos é a «interpretação de sonhos».
Basta abrir um «dicionário de sonhos» para percebermos que estamos a ser gozados: as temáticas dos sonhos estão ali todas alinhadas alfabeticamente para poderem ser rapidamente consultadas, e cada um dos temas tem uma breve explicação do seu significado.
Deixem-me dar-vos um exemplo retirado daqui:
Sonhar com Ânus
Você não deve acreditar em amigos do sexo oposto, pois poderão colocá-lo em sérias dificuldades, através de mexericos e intrigas no seu ambiente de trabalho.
Pessoalmente acho duvidoso que sonhar com uma coisa específica possa ter sempre o mesmo significado independentemente de quem a sonha: sonhar com as mamas da Marisa Cruz terá sempre o mesmo significado independentemente se formos um operador de ordenha mecânica em Tobursk ou um apanhador de grelos mediterrânicos na Córsega? Tenho dúvidas. Deverá haver alguma contaminação cultural nos sonhos, não? Ou querem dizer-me que sonhar que se está afagar gentilmente os glúteos de uma égua que relincha em grego antigo significa o mesmo para um beduíno do que para o João Moura? Tenham juízo...
quarta-feira, fevereiro 15, 2006
A Razão do Bestial e da Besta
Há gajos que são endeusados só porque não tiveram tempo de fazer merda enquanto estiveram vivos. O facto de terem morrido jovens deixa-os assim num estado de glória suspensa que resiste ao tempo. Os que continuam a viver, e vão envelhecendo calmamente, não têm essa sorte, e estão condenados a passar de bestiais a bestas e vice versa, num ciclo contínuo até ao fim da sua mais ou menos longa vida. Não acho isto justo. Acho que devíamos abater a malta no seu auge e transformar esta choldra num mundo de semi-deuses quase perfeitos. O problema estaria em identificar aquele ponto em que a partir dali seria sempre a descer. O Travolta, por exemplo, já não faria o Pulp Fiction e ficaria sempre lembrado como um dançarino gay. O Mário Soares já não voltaria a candidatar-se. O Ricardo já não jogaria na selecção. O Herman não faria talk shows. E o Marques Mendes não teria saído da mesa de matraquilhos.
Pensando bem isto não é uma boa ideia. Acho que precisamos de passar de bestiais a bestas de vez em quando, só para nos lembrarmos que as coisas não nos caem do céu (tirando os asteróides, e os aviões da Air Morocco, é claro).
terça-feira, fevereiro 14, 2006
A Razão do Código Morse
Antes dos e.mails, antes dos telemóveis, antes dos satélites, antes dos telefones fixos, e mais ou menos na altura dos sinais de fumo, houve um tipo, o Samuel, que achava que devia de haver uma maneira de se poder comunicar instantaneamente em grandes distâncias. E inventou uma coisa chamada telégrafo, que funcionava com um software chamado código Morse: uma coisa realmente básica mas igualmente eficaz que consistia em pequenos impulsos eléctricos transmitidos por fio, e que replicava o alfabeto ocidental de A a Z. Por essas e por outras é que os árabes e os orientais sempre tiveram dificuldade em comunicar-se a longas distâncias.
Atribuindo pontos e letras a palavras específicas do alfabeto, o Samuel Morse lá conseguiu que um tipo num ponto do mundo se pudesse comunicar com outro tipo no lado oposto. Estava criado o percursor dos sms.
Eu sempre achei alguma graça ao Código Morse e desconfio que no início aquilo não tivesse sido fácil para quem utilizava o sistema. Uma coisa que sempre me fez confusão é como se distinguia um ponto de um traço – dizem-me que o traço era constituído por duas batidas rápidas e um ponto por uma batida apenas, mas como distinguir os espaços entre palavras? Como é que os gajos sabiam que aquele ponto não pertencia à palavra seguinte? Ou que era apenas um ponto final? E como se punham os acentos nas palavras? Devia haver imensa confusão entre o cágado e o cagado.
segunda-feira, fevereiro 13, 2006
A Razão da Inutilidade
Há actividades humanas estupidamente inúteis. Há seres humanos que são pagos para as inventar. E há outros seres humanos suficientemente estúpidos para pagar por estas invenções cuja função consiste simplesmente em mantê-los em vida suspensa, alheados de tudo e de todos. A última destas invenções que promovem a actividade inútil é o Sudoku. A progressão do Sudoku neste país, e em todo o mundo, é a prova cabal que a malta anda realmente à procura de algo que os aliene. Tenho dificuldade em perceber os gajos e gajas que bovinamente se viciam em Sudoku. Qual é o interesse daquela malta em alinhar, nos seus tempos livres, números na vertical e na horizontal. Não é melhor mandar umas quecas? Viajar para qualquer lado? Ter uma conversa estimulante com alguém? Ou mesmo mandar um par de lambadas no vizinho? Será que os gajos acham que os seus netinhos se vão impressionar quando disserem «o avô ganhou o campeonato nacional de Sudoku em 2006»? O mais provável é que o puto fique a pensar que o avô era o maior sodomita nacional daquele ano remoto...
Conseguem imaginar-se no fim da vossa vida e pensar que perderam dias, meses, em torno de uma actividade que não vos tornou melhores como seres humanos? Conseguem? Eu também consigo, mas não será a jogar Sudoku, garanto-vos.
domingo, fevereiro 12, 2006
A Razão da Beleza Artificial
Acho que não é justo que as mulheres feias possam fazer operações plásticas e ficarem com bom aspecto. Se alguém nasce feio, devia ficar assim. E mais nada. Não acho bem que as pessoas possam melhorar o seu aspecto. É arrepiante pensar que, um dia, podemos estar na cama com uma mulher qualquer que engatámos só porque achámos que era linda e, lá no fundo, ela ser feia como os cornos. Pode ter mudado o nariz, os lábios, os olhos, pode ter sido esticada, alisada e lipoaspirada. E o cirurgião pode ter feito um rico trabalho (sem exageros) e agora ela está um espanto. Mas lá no fundo, é horrenda e a verdade é que estás na cama com uma aventesma. Alguém a quem nem sequer pedias para te trocar um dólar se pudesses ver como é realmente.
Não está certo. A feiúra devia ser uma coisa permanente.
George Carlin
sábado, fevereiro 11, 2006
A Razão da Dança da Chuva
Quando penso na dança da chuva que os índios tinham a mania de fazer, pergunto-me se eles algumas vezes praticavam. Não era lógico que praticassem a dança antes de decidirem fazer a coisa à séria? Só para terem a certeza de que estavam a dar os passos certos na ordem certa? É muito provável que de vez em quando aparecessem tipos novos que nunca tinham dançado aquilo; é também provável que o mestre de dança quisesse experimentar passos novos. Existe um sem número de motivos para que os índios jogassem pelo seguro e primeiro praticassem a dança da chuva.
A minha questão é: se eles estivessem a praticar e a chuva não desatasse a caír imediatamente, como é que eles saberiam que estavam a dançar bem? Se o estivessem deveria chover, não? Ou será que os índios achavam que o deus da chuva percebia que aquilo era só um treino e aguardava pela dança à séria?
Mas também se desatasse a chover durante os treinos porque não acabar com a dança da chuva? Bastava treinar e pronto.
Foi este tipo de pensamento que levou a que me separassem dos outros miúdos na escola.
George Carlin
sexta-feira, fevereiro 10, 2006
A Razão do Turista Japonês
Só há uma coisinha pior que portugueses em férias. São os japoneses em férias. Já alguma vez se cruzaram com um grupo de turistas japoneses? Não parecem todos o mesmo japonês clonado até à quinta casa? Com aquele sorrisinho estúpido, dentes de coelho e óculos redondos, e de máquina fotográfica digital à volta do pescoço a tentar fotografar tudo à volta num raio de 2 metros e a curvar-se repetidamente para a frente como se o tronco tivesse vida própria e insistisse em manter-se na horizontal?
É enervante olhar para um grupo de turistas japoneses. Parecem lemmings. Não conseguem andar sozinhos. Aliás, têm um pavor de morte em andar sozinhos. Um japonês só vai de férias quando consegue assegurar, junto da sua agência de viagens, que com ele vão pelos menos 150 gajos. E depois lá vão eles todos juntos para todo o lado a sorrir com aquele ar de trissomia 21, a soltar pequenos gritinhos de entusiasmo.
Não queiram fazer férias em destinos povoados por japoneses. Estão a ver a piscina do resort? Quando um japonês decide ir tomar banho na piscina é seguido por todos os outros, de câmaras à prova de água ao pescoço, tornando a piscina numa espécie de pires de aletria, amarelo e pastoso. Quando um japonês decide aprender a mergulhar com garrafas o melhor é esquecermos o curso de mergulho e voltar 3 meses depois, altura em que o último japonês do grupo acabou de fazer o dito curso.
Para quem quiser enriquecer no Japão à conta destes lemmings deixo uma dica: vão para lá vender espelhos de bolso. Chamem-lhes de kit de viagem. Assim quando um japonês se perder do seu grupo de férias pode sempre sacar do seu espelho, apontar para si, e sentir-se reconfortantemente acompanhado. Sucesso garantido. Que povo de babacas...
quinta-feira, fevereiro 09, 2006
Razões Felinas
Os gatos têm uma característica que eu acho admirável: a impunidade. Quando um gato comete um erro ele normalmente não se sente responsável nem mostra embaraço. Se um gato faz uma coisa realmente estúpida, como saltar para cima de uma mesa e aterrar em cima de quatro chávenas de café, ele consegue dar aquele ar de que tudo aquilo é rotineiro. Os cães não são assim. Se um cão derruba um candeeiro nós conseguimos perceber quem foi só olhando para o cão; e ele fica com aquele ar comprometido e envergonhado. O gato não. Quando um gato parte qualquer coisa, dirige-se calma e calidamente para a sua próxima actividade.
«O que é que foi? O candeeiro? Não fui eu. Vão-se lixar, sou um gato! Há alguma coisa partida? Perguntem ao cão.»
George Carlin
quarta-feira, fevereiro 08, 2006
A Razão do Choque Tecnológico
Está na moda falar em «choque tecnológico», uma das medidas mais mediatizadas do Governo desta telenovela mexicana, e que parece ser a cura para todos os males do país. Assim de repente, com Bill Gates à mistura, parece que Portugal voltou a ser um país próspero e importante com esta história do «choque tecnológico». Os media rejubilam com a expressão «choque», sugerindo-lhes alguma coisa impactante e rimbombante, digna de um qualquer noticiário. Eu continuo chocado com tudo isto porque me parece, mais uma vez, que estamos a ser engrupidos com conceitos, no mínimo, vagos. Principalmente porque sempre ouvi dizer que Portugal era um país que adoptava e implementava a um ritmo muito rápido tudo o que era nova tecnologia: a Via Verde por exemplo, onde somos pioneiros no mundo; o sistema de Multibanco, outro exemplo, onde somos o país mais avançado do mundo na aplicação de um sistema de informação interbancário; o telemóvel pré-pago, outra invenção portuguesa que revolucionou o mundo dos telemóveis em todo o mundo e que hoje em dia é o sistema mais utilizado no planeta.
Por sermos tão avançadinhos tecnologicamente é que esta converseta não me faz sentido nenhum. A não ser que quando falemos em «choque tecnológico» estejamos a falar de coisas mais pragmáticas do tipo: destruir à paulada todos os computadores do país; enfiar (com uma relativa violência) a cabeça do Sócrates, e já agora de todos os membros do executivo, num ecran plasma de última geração; atestar a força destrutiva de um laptop quando arremessado a uma velocidade superior a 20 km/h na direcção de umas gengivas desprotegidas. Isso sim, seria um choque tecnológico. Não teria grande interesse, é verdade, mas ao menos não seria um conceito vazio onde tudo cabe.
Continuo a achar que o nosso Desgoverno está equivocado. Preferiria ver o mesmo entusiasmo bacoco e provinciano aplicado a um «choque económico», ou a um «choque social», ou a um «choque ético», ou mesmo um «choque de civilidade». Eu por mim começava por estes dois últimos e logo me preocupava com o «choque tecnológico» mais tarde. O que este país precisa mesmo é de uns electrochoques.
terça-feira, fevereiro 07, 2006
A Razão Muçulmana
Desde que os dinamarqueses fizeram umas caricaturas de Maomé que os muçulmanos andam armados em alarves a destruír embaixadas por todo o mundo árabe. Na Turquia, esse país a resvalar perigosamente para a União Europeia, acabaram de matar um padre à conta de uma dúzia de rabiscos nórdicos. Para um ocidental parece um bocadinho excessivo, este protesto muçulmano...
Isto leva-me a pensar na violência latente do mundo árabe, no apedrejamento de mulheres, nas execuções públicas, nas chibatadas também elas públicas. Não acho normal esta violência e não concordo que esta tenha origem na religião, ou no Corão, se quiserem. O Corão pode ser culpado de muita coisa, mas não o é da violência compulsiva do fundamentalismo islâmico. Na minha opinião o problema disto tudo é da poligamia.
Já viram bem o que aqueles gajos sofrem diariamente? Façam as contas comigo: aquela malta tem mais de uma mulher, na pior (ou melhor) das hipóteses têm duas mulheres. O mais vulgar é terem umas cinco ou seis. Estão a imaginar o que é aturar 6 mamíferos diariamente? 6 gajas a chatear-vos a cabeça diariamente, cada uma com o seu lote de filhos babosos e choramingões, e com as suas crises de TPM a PARTIR-VOS CIRURGICAMENTE A CAROLA numa base diária? Imaginem o que vocês passam diariamente e agora multipliquem por seis, ou por sete, ou por vinte! Conseguem imaginar o estado de nervos em que vocês viveriam? Qual era a maneira que vocês teriam de lidar com esta questão? É claro que tinham que saír de casa e extravasar: punham bombas à volta da cintura e iam ao centro comercial mais próximo; iam dar porrada nos vizinhos isrealitas; e em dias mais complicados É CLARO QUE SE CHATEAVAM COM A MERDA DOS CARTOONS!! Até se chateavam com a falta dos cartoons, se fosse caso disso.
Portanto antes de criticarem gratuitamente estes protestos anti-cartoon pensem no que estes desgraçados penam diariamente. Ponham-se nos sapatos deles. E depois digam-me se também não iam arrear na malta do consulado mais próximo.
segunda-feira, fevereiro 06, 2006
A Razão do Tempo
Tempo. O conceito mais abstracto e mais estúpido da nossa sociedade. Uns têm falta dele. Outros gostam de o fazer. Outros ainda ocupam-no para o gastar. Há quem peça tempo; há quem tenha tempo; há quem dê tempo; há quem perca tempo; há quem o ganhe e o desperdice. Quando falamos em tempo olhamos invariavelmente para um dos pulsos, ou à nossa volta para um qualquer dispositivo que tem por função dizer-nos em que fase dele estamos. Por ele e nele corremos, por causa dele nos enervamos e perdemos a paciência, e sem ele ficamos perdidos.
A todos aqueles que vieram aqui com ou sem tempo, na esperança de gastar tempo ou de passar um tempo agradável, digo-vos apenas que não houve tempo de pensar com tempo no post de hoje. Dêem-me mais um tempo.
domingo, fevereiro 05, 2006
A Razão dos Dez Mais Procurados
Então e quando aparece um tipo extremamente perigoso e têm de o pôr no primeiro lugar da lista? (Chamem a isto «entrada directa para o topo da tabela» se quiserem.) Os outros têm todos de descer um lugar? E não há um tipo que fica de fora? Como é que decidem quem é que vai ficar de fora? É o que está na décima posição? E como é que ele se sente a respeito disso? Não se sentirá menosprezado? Não achará que deviam ter escolhido outro gajo qualquer? Será que já aconteceu o tipo que fica fora da lista matar o que está em primeiro para recuperar o seu lugar?
Uma última pergunta: o FBI esforça-se mais para apanhar o número três do que para apanhar o número sete? Eu esforçava-me. Se não fôr assim, para que é que lhes dão números? É este tipo de pensamento que me impede de progredir na vida.
sábado, fevereiro 04, 2006
A Razão Base
ORDINARIAMENTE todos os ministros são inteligentes, escrevem bem, discursam com cortesia e pura dicção, vão a faustosas inaugurações e são excelentes convivas. Porém, são nulos a resolver crises. Não têm a austeridade, nem a concepção, nem o instinto político, nem a experiência que faz o ESTADISTA. É assim que há muito tempo em Portugal são regidos os destinos políticos. Política do acaso, política de compadrio, política de expediente. País governado ao acaso, governado por vaidades e por interesses, por especulação e corrupção, por privilégio e influência de camarilha, será possível conservar a sua independência?
sexta-feira, fevereiro 03, 2006
A Razão do Terminal
Em que sítio encontramos os niveis de QI mais rasteiros do planeta? Se estão a pensar na Assembleia da República andam lá perto mas não acertaram. A resposta certa é: nos aeroportos.
A estupidez que se respira num aeroporto é inigualável, incomparável e irrepreensivelmente insuperável. Se tivesse que alinhar numa folha A4 as coisas mais estúpidas a que já assisti na minha vida, a maioria delas teriam acontecido num aeroporto.
Há um embrutecimento qualquer que reina nos aeroportos e que parece subsistir ao longo do tempo. Começando pelo preço das coisas dentro de um aeroporto. É tudo irrealmente caro, como se o simples facto de voarmos de um sítio para o outro nos fizesse entrar num transe maléfico qualquer que nos compele a pagar alegremente um café pelo mesmo preço que pagamos uma refeição na tasca da esquina.
E depois há a questão das perguntas quando fazemos o check in:
«Foi você que fez a sua mala»?
Apetece responder: «Claro que não. Que estupidez. Ontem à noite convidei a célula local da Al Qaeda para jantar lá em casa e, em troca de uma refeição quente, obriguei os gajos a fazerem-me a mala.»
«A sua bagagem esteve sempre consigo?»
E nós: «Bem... nem toda. Tenho aí umas cuecas que estão comigo há coisa de dois anos, quando estive no Corte Inglês. As calças já estão comigo há mais tempo, o que poderá constatar pelo aspecto delas. Os peúgos estão comigo há relativamente pouco tempo, comprei-os há dias. Recentes recentes são as camisas. Comprei-as ontem. Quer ver o talão?»
«Algum desconhecido lhe deu alguma coisa para transportar?»
Merecem: «Você acha que eu sou criado de alguém?? Você costuma transportar coisas de gajos que não conhece de lado nenhum? Você tem uma deficiência mental ou tem por hábito fazer perguntas estúpidas? Quer transportar a minha bagagem para algum lado?»
Exasperante.
E depois temos aquela cena do detector de metais. Qualquer dia um gajo tem que passar nú no detector de metais. Eu costumo fazer de propósito e levar as Catterpillar com biqueira de ferro. Alarmes por todo o lado. Os gajos à rasca sem saberem onde está o metal. A fila atrás de mim a engrossar e eles à procura à rasca. E aí eu digo-lhes que tenho implantes metálicos nos calcanhares e eles acreditam. Broncos.
Se há sítio onde um fumador se sente discriminado é nos aeroportos. Não percebo porque não se pode fumar à vontade dentro de um aeroporto – é uma espécie de despressurização antes de entrarmos no avião? É claro que há zonas de fumadores, mas têm sempre um espaço limitado (em Londres parece um curral de gado) e encontram-se sempre povoadas de gajos de aspecto acinzentado a esfumaçar que nem uns alarves, um cigarro atrás do outro. Só de olhar para eles dá vontade de deixar de fumar e engordar que nem um cachalote.
É vulgar ouvirmos uma voz do além a chamar um passageiro que já devia estar no avião e que anda a alucinar algures dentro do free shop do aeroporto – a comprar como se não houvesse amanhã. Será que estes gajos ficam tão entorpecidos dentro de um aeroporto que se esquecem que há centenas de pessoas que não levantam vôo só porque eles gostam de ouvir o barulhinho da máquina do multibanco? Não faço ideia. Mas sou adepto de que em cada aeroporto deveria haver uma tribo somali, devidamente untadinha de pau de cabinda, para sodomizar à bruta (entre cânticos guerreiros da terra deles) os tipos que me fazem perder tempo.
quinta-feira, fevereiro 02, 2006
A Razão do Jardim à Beira Mar Plantado
Alguém algures levou demasiado a sério esta analogia do «jardim à beira mar plantado». Sabemos bem que os jardins ficam mais viçosos se forem bem adubados. Sabemos bem que um bom adubo é constituído por uma boa dose de esterco. Mas não exageremos! Há demasiado esterco no adubo! Há demasiado adubo no jardim!
Podem parar de adubar, se fazem o obséquio.
quarta-feira, fevereiro 01, 2006
A Razão Semântica
Para um esquimó não existe a palavra branco. Não é estranho? Um gajo que vive rodeado de branco não ter essa palavra? Na realidade o esquimó não tem a palavra branco porque consegue identificar tantos tipos de branco diferentes que não lhe passa pela cabeça utilizar a designação mais simples.
A mesma coisa acontece aos beduínos em relação ao castanho: a maioria das cores quentes são para eles variantes do castanho, daí que o simples castanho não existe no seu vocabulário.
No caso dos portugueses o fenómeno dá-se com a palavra «político». É que há tantas variantes de bosta...