sexta-feira, dezembro 16, 2005
quinta-feira, dezembro 15, 2005
A Razão do Maior
Geralmente a auto-estima de um país está directamente relacionada com os seus metros quadrados. Não há-de ser à toa que os bandalhos dos americanos têm uma auto-estima estupidamente (e a utilização deste adjectivo não é metafórica) elevada.
Porém é curioso ver como a rasteira auto-estima nacional procura tratar-se à base de placebos que têm a ver com o tamanho. Na realidade, esta obsessão pelo tamanho revela aquele que é um dos problemas basilares do país: não interessa a qualidade – estamos completamente focados na quantidade. Ser os melhores é algo que nos transcende. O que interessa mesmo é sermos os maiores, mesmo que o sejamos só lá no nosso bairro: ter a maior árvore de Natal da Europa; ter o maior pão com chouriço do mundo; ter a segunda maior ponte da Europa; isto sem falar das coisas que são «maiores» só porque se dizem da boca pra fora – o Benfica é o maior, o Porto é o maior, não interessando grande coisa porquê.
Ser o maior em Portugal é bom. Uma espécie de complexo de pila pequena que se gaba de ter a maior erecção. Há-de servir de muito...
quarta-feira, dezembro 14, 2005
A Razão do Presépio (II)
Estava lá toda a gente: gays magos, vaca com distúrbios profundos do foro psicológico, burro manso, cornudo equivocado, virgem saciada, e criança nas palhas deitada. No meio de incenso, ouro e mirra alguém repara (num lampejo transcendente que faria corar Lobsang Rampa e mais a sua terceira visão – silogismo trapalhão do seu transcendental olho rectal) que havia uma zebra no cenário. A zebra estava a mais e não o sabia. Não havia registo de zebras em Jerusalém. Ninguém fazia ideia do que era aquele ser bicromático. Então alguém se lembra de que o vinho dava de comer a um milhão de portugueses. E tudo faz sentido a partir daí: o Salazar, o Américo Tomás, os páras de Tancos e o Salgado Zenha; o Álvaro Cunhal, tutor de Mário Soares, a chegar de Paris. A intentona e a Passionária. Os contrabandistas e o Paco Bandeira. O Ary dos Santos e os Sábados (tipo Papo-Seco) agitados.
De repente, no meio desta alucinação, provavelmente de origem geracional, tudo se confunde e tudo faz sentido. Assim como se fosse uma espécie de universo descodificado à boa maneira de Douglas Adams. E tudo recomeça de acordo com a sua maldição: tudo faz sentido como num sonho. E os pinguins continuam a sonhar com ameijoas enjoadas com crude: Dali Style, ou Vian style. E toda a gente percebe o que se está aqui a dizer como se não houvesse amanhã.
Abençoados os pobres de espírito, pois será deles o reino dos céus. A zebra continua impassível no meio disto tudo. Como se nada fosse.
Este foi um momento de impossibilidade quotidiana. Façam o favor de o aproveitar e de retirar o que de mais positivo nele encontrarem. Gesundheit!
terça-feira, dezembro 13, 2005
A Razão do Presépio
É sempre nesta altura do ano que inevitavelmente percebo que vivo num presépio povoado de figurinhas de barro, pintadas toscamente, que desempenham ano após ano os mesmos papéis. Em Portugal, tal como num presépio, nunca nada muda. As figurinhas são sempre as mesmas, dispostas nos mesmos sítios e fazem sempre a mesma coisa, ou seja, nada. Estão para ali com um ar petrificado, eternamente imobilizadas em torno de uma cabana com um burro, uma vaca, e um casal de tótós que admira incompreensivelmente uma criança loira estiraçada num berço feito de palhas. Há subjacente a tudo isto, uma expectativa qualquer que nenhuma das figurinhas entende. Uma expectativa de mudança e de melhoria gerada pelo nascimento da criança de cabelos loiros. Mas é uma expectativa cristalizada no próprio presépio. Daqui por um ano a criancinha continuará espojada no seu leito de palhas, rodeada por tótós e gays magos, e tudo continuará na mesma.
segunda-feira, dezembro 12, 2005
A Razão do Calendário de Garagem
No seguimento da série de objectos inúteis do quotidiano temos o calendário de garagem. Este objecto distingue-se dos vulgares calendários pela quantidade de mulheres total ou parcialmente desnudas em poses do tipo «anda cá que és meu» ou «só te deixava os ossinhos», e pela sua localização muito particular: não há oficina mecânica deste país que não tenha um calendário de garagem. Há quem diga que o calendário de garagem é o manifesto de masculinidade do mecânico – e que se porventura não encontrar um calendário de garagem na sua oficina habitual, é muito provável que o seu mecânico seja gay. Pessoalmente acho esta leitura excessiva, mas não deixo de me questionar sobre o sucesso e a proliferação dos calendários de garagem nas oficinas e sobre a sua verdadeira função. Assinalar os dias do ano parece estar fora de questão, uma vez que isso pode ser feito com um qualquer calendário que não exiba umas glândulas mamárias proeminentes. O que nos leva ao cerne da questão: as gajas do calendário.
A verdadeira razão do calendário de garagem é a produtividade provocada pela testosterona, potenciada pelas boazonas em poses de cadelas com cio: o polimento da carroceria faz-se em muito menos tempo; o alinhamento da direcção é impressionantemente mais apurado; a calibragem das rodas adquire uma precisão robótica; a focagem de faróis faz inveja a qualquer robot de fábrica.
E em cada mês que passa, uma nova boazona vem substituír a anterior mantendo elevados os índices de produtividade.
Pergunto-me se isto não deveria ser considerado uma best practise para a Função Pública. Um calendário de garagem em cada repartição poderia ser a solução para este país.
domingo, dezembro 11, 2005
A Razão do Universo
sábado, dezembro 10, 2005
sexta-feira, dezembro 09, 2005
A Razão da Estranheza
quinta-feira, dezembro 08, 2005
quarta-feira, dezembro 07, 2005
A Razão da Reencarnação
H e D viveram um tórrido romance de amor. Eram almas gêmeas, diziam eles. Apaixonaram-se aos dois anos de idade, algures em 1423, casaram aos cinco, tiveram aos doze o primeiro de 38 filhos, morreram trisavós jurando amor eterno. H reencarnou numa foca no Ártico enquanto D, anos mais tarde, reencarnou num gnu em África. Depois H reencarnou num Panda na Ásia e D reencarnava num esturjão, algures no mar Ártico. O reencontro pareceu impossível durante gerações: H foi um crisântemo, um gladíolo, um rinoceronte com asma, uma avestruz com artrose, um golfinho com caspa, enquanto D foi uma galinha da Índia, uma vaca sagrada, um pinheiro bravo, e um jumento com gonorreia.
Um belo dia reencarnaram num homem e numa mulher. E reencontraram-se. Tinham ambos 20 anos. Voltaram a apaixonar-se perdidamente. Casaram. H tornou-se funcionário público e desatou a beber que nem um alce em época de cio. D trabalhava num escritório de contabilidade. Nunca tiveram filhos. H está preso por violência doméstica. D está com o braço esquerdo paralisado para o resto da vida. É lixada a reencarnação...
terça-feira, dezembro 06, 2005
A Razão do Crucifixo
A grandeza de um líder é determinada pela amplitude dos seus gestos políticos, económicos e sociais. É a velha história da árvore e da floresta. O liderzeco preocupa-se com as pequenas coisas e portanto a amplitude dos seus gestos é bastante reduzida. O liderzão está preocupado com a floresta e os seus gestos revelam-no: são largos, extensos, focados no futuro mas sem danificar o presente.
Pois bem, aqui na nossa telenovela mexicana Sócrates tem-se revelado bastante distante daqueles nossos líderes passados que, com a mania das grandezas, pensavam em grande. Pensar em grande é bom, porque nos torna também a nós grandes. Não encontramos esse inconformismo da pequeneza em Sócrates, muito pelo contrário: o aparelho do Estado consome mais de metade dos recursos do país? Então aumente-se os impostos para que a outra menos de metade pague a inoperância pegajosa das instituíções estatais. O país precisa de atraír investimento estrangeiro? Então taxe-se absurdamente as várias actividades económicas deste país para sacar o máximo possível a quem poderia dinamizar a economia. O país precisa de investir? Então invista-se em aeroportos desnecessários, para encapotar o investimento que Stanley Ho vai emprestar ao Estado português.
Tudo medidas pequeninas. À medida dos homens que nela pensam, e do homem que as aprova. A última medida pequenina foi a da proibição dos crucifixos nos estabelecimentos de ensino – uma muy distinta medida governamental que surgiu como resultado da pressão de um não menos distinto grupelho de laicos cidadãos nacionais. Eu até sou ateu e tanto se me dá que as escolas tenham crucifixos ou objectos de culto satânico. O que me chateia é legislar sobre esta matéria. Perder tempo com isto. Ceder a pressõzecas de uma cambada de labregos laicos que se sentem discriminados nas suas (livres) opções religiosas. O país está a ficar mais pequeno, e os portugueses cada vez têm menos culpa de terem eleito uma vara de liderzecos.
segunda-feira, dezembro 05, 2005
A Razão Dogmática
O responsável máximo pelo maior antro ancestral de paneleiragem decidiu mais uma vez repudiar os homossexuais, desta feita os que se dedicam ao sacerdócio. Esta medida de inspiração orwelliana, digna do «Animal Farm», estipula que aos olhos de Deus «somos todos iguais mas há alguns menos iguais que outros», e revela mais uma vez a hipocrisia, o mamutismo, e prepotência bacoca que a Santa Igreja insiste em exibir de geração em geração.
Quererá sua Santidade atirar-nos areia para os olhos? Terá sua Eminência noção das baixas clericais que tal repúdio causará? Pensará o Sumo Pontífice que ao repudiar os homossexuais toda a gente vai pensar que afinal as festas nocturnas com somalis criteriosamente untadinhos eram apenas homilias dedicadas a países desfavorecidos? Não sabemos. Só sabemos que a partir de hoje um pequeno trejeito mais amaricado, um menear de anca mais pronunciado, um gritinho histérico mais estridente serão considerados pela Santa Igreja como sintomas de forte homossexualidade, e portanto, repudiados (com a tradicional penalização de afinal não ter direito a entrada livre no Reino dos Céus). Falava há dias da ditadura económica de Sócrates, pois bem, temos aqui a nova Inquisição – as bruxas dos Século XXI acabaram de ser criadas: quem porventura tiver a oportunidade de observar um indivíduo a fazer coisas inexplicáveis com um cabo de uma vassoura na sua própria próstata, queira alertar o Santo Ofício.
domingo, dezembro 04, 2005
A Razão do Notário
Decerto que por uma razão ou por outra já tiveram, a dada altura das vossas vidas, que entrar num notário. Se assim foi, suponho que tenham tido oportunidade de reparar que nem toda a gente pode ser funcionário de um cartório notarial. É uma profissão peculiar que exige um património genético muito particular e está sujeita a uma política de recrutamento espartana, capaz de criar inveja à Al Qaeda.
Antes de mais é preciso realçar com alguma veemência que não se estuda para ser notário – nasce-se notário, e pronto! É um pouco como os atletas de competição: os sprinters têm uma estrutura óssea e muscular diferente dos fundistas; os tenistas com serviços mais eficazes são dotados de uma altura acima da média e têm uns bracinhos mais compridos que os restantes mortais. Também os notários têm as suas características diferenciadoras: o seu cérebro, por exemplo, funciona a um ritmo mais lento (como observamos nos casos mais graves de paralisia cerebral) o que possibilita o armazenamento de dados de uma forma mais metódica.
Para terem uma ideia de como um notário percepciona a realidade à sua volta reduzam a velocidade de um DVD em cerca de 80%: t-u-d-o f-i-c-a m-u-i-t-o l-e-n-t-o e as vozes adquirem um tom grave e arrastado, sendo relativamente dificil de apreender o sentido das frases. Não se admirem portanto que os notários não percebam à primeira o que vocês lhes estão a querer dizer, principalmente vocês, os nervosinhos. E evitem falar devagar para se fazerem entender melhor porque assim é mesmo muito complicado para eles, e demora o dobro do tempo a processar.
A capacidade pulmonar de um notário é francamente mais reduzida que a de um indivíduo normal, impedindo o cérebro de funcionar mais rápido e cansando-os de sobremaneira enquanto fazem o seu rotineiro percurso secretária-balcão-arquivo. Aliás a rotina é aquilo a que um notário aspira desde os seus tempos de estagiário – com o passar do tempo eles vão construíndo carris imaginários que percorrem todo o escritório, definindo os seus percursos possíveis. Um notário sénior já tem a sua rede rodoviária definida e move-se, lenta e religiosamente, em cima dos «seus» carris.
O facto de geneticamente possuírem um metabolismo estupidamente mais lento que todos nós, causa-lhes alguns problemas na fala (falam muito lento e muito baixo, sendo por vezes necessário encostarmos a orelha à sua boca – tarefa difícil e perigosa de desempenhar se tivermos um balcão à nossa frente) e problemas vários de concentração e coordenação: é muito vulgar observarmos um notário esgazeado a olhar para o infinito (é a chamada «pausa de hibernação» que, dependendo do seu estágio profissional, pode ocorrer várias vezes ao dia); vulgar é também a dificuldade que apresentam ao teclado de um computador ou de uma máquina de escrever. Os notários mais treinados conseguem atingir velocidades de 2 a 3 segundos entre uma tecla e outra.
Espontaneidade e improviso são conceitos totalmente desconhecidos pelos notários, e confrontá-los com algo inesperado pode ser perigoso dado que estes reagem violentamente – nunca se ostente uma folha de papel que não seja branca ou azul; nunca se apresente como documento oficial um passaporte em vez de um bilhete de identidade; nunca se ouse assinar algum documento a vermelho; e acima de tudo nunca se manifeste corporalmente de uma forma agitada – isso deixa-os nervosos, e o assunto que demoraria 2 horas a resolver poderá atingir uma duração de meses.
sábado, dezembro 03, 2005
A Razão do Autarca
Sobre a OTA e o TGV falarei com mais detalhe amanhã. É uma conspiração tenebrosa que merece ser revelada com alguma solenidade.
Hoje vou dedicar-me aos autarcas e às suas razões. O político de autarquia está para o político nacional como a fisga está para a catapulta: ambos arremessam projécteis, mas uns fazem mais merda que outros. É tudo uma questão de dimensão.
Fazer merda em grande escala é uma característica de perfil que auspicia um futuro glorioso na liderança dos destinos da nação – um autarca típico não tem a capacidade intelectual nem financeira para dar cabo da economia do país com uma OTA ou com um TGV. O autarca local é, como a própria designação implica, um gajo que faz merda a um nível muito restrito. Tanto autarcas como políticos gastam o dinheiro dos contribuíntes em aleivosias disparatadas. Mas no caso dos autarcas são aleivosiazinhas, disparatezinhos, pequenos insuflares de egozinhos. É o Portugal dos Pequeninos da política. É a cabotinice provinciana que, quando atinge limites para além do normal, culmina na fuga para o Posto 6 de Copacabana, ou na participação em reality shows de qualidade sempre duvidosa. Mas na maior parte dos casos os autarcas ficam-se pelas rotundas e pelos semáforos. Autarca que não tenha construído umas belas rotundas e plantado uns belos semáforos não pode ser digno dessa função. É uma espécie de mijinha do cão para a posteridade, para um dia puderem dizer aos netos: «Estás a ver ali aquele semáforo? Foi o avô que o pôs lá!» E a criancinha olha esgazeada para o semáforo a tentar imaginar como é que aquela fraca figura teve força de levar aquilo em ombros para ali.
sexta-feira, dezembro 02, 2005
A Razão da Greve
A coisa mais útil que se pode fazer num país que não produz a ponta de um chavelho é uma greve. As greves são libertadoras, são relaxantes, e acima de tudo são produtivas. Produzem belos dias de lazer, na praia, na cidade ou no campo, sem fazer absolutamente nenhum.
És funcionário público e achas mal trabalhares as mesmas horas que um empregado privado? Faz uma greve. És motorista da Carris e chateia-te fazer 40 horas de trabalho por semana? Faz uma greve. És professor e babas-te que nem um camelo? Faz uma greve no dia dos exames nacionais para lixares a vida a uma série de miúdos que inocentemente acharam que lhes ias ensinar alguma coisa de produtivo. És polícia e aborrecem-te os arrastões? Faz duas greves. És bombeiro e enerva-te haver falta de água para os fogos? Faz uma greve. És um magistrado e estás escandalizado porque já não podes ter 3 meses de férias judiciais? Faz uma greve. Mas antes de fazeres uma greve certifica-te se tens condições para fazer uma boa greve:
A boa greve faz-se de Verão. Não tem jeito nenhum fazer greves à chuva e ao frio. As disputas ideológicas ficam mais quentes no Verão.
A boa greve faz-se à segunda ou à sexta-feira (de preferência à segunda e à sexta-feira) porque assim podes gozar à brava com os babacas privados que vão de manhãzinha trabalhar para pagarem o prejuízo de tu não trabalhares porque estás em greve.
A boa greve faz-se com catering. Uma greve sem catering não é uma greve, é um grupo de javardos que acredita que vai conseguir alguma coisa do patronato só porque ficam todos juntos de pé e aos berros.
quinta-feira, dezembro 01, 2005
A Razão do Labrego
País de longa tradição no desenvolvimento do labrego nacional, Portugal chegou a um ponto de saturação do número de labregos per capita. Dados recentes do INE apontam para que a população labrega seja neste momento muito superior à portuguesa. «Começamos a ter dificuldade em separar os portugueses dos labregos, uma vez que os primeiros parecem ter sido perfeitamente aculturados pelos segundos» afirma o responsável máximo por esta instituíção.
O Governo já admitiu ser maioritariamente constituído por labregos de 2ªgeração, não prevendo que a situação se altere nos próximos 4 anos, o que coloca Portugal no primeiro país europeu a ter uma maioria de população labrega, governada por labregos.
O impacto do nacional labreguismo já começou a sentir-se na economia nacional – é característica do labrego a completa ausência de noção de gestão, o despesismo descontrolado e tendencioso, uma compulsiva tendência de prometer uma coisa, fazendo exactamente o contrário, e a fuga a toda e qualquer espécie de imposto.
Especialistas internacionais no fenómeno expansionista do labrego, afirmam que o processo é irreversível e que dentro de poucos anos Portugal não terá portugueses. Sugerem ainda que se comece a mudar nome do país para Labregal.
O número de escolas para labregos tem aumentado exponencialmente nos últimos 10 anos, com todos os inconvenientes que estas acarretam: taxas de insucesso escolar perto dos 100%, não pagamento de propinas, e uma tendência compulsiva de arrastões diários num raio de 2km em torno de cada escola.
O número de empresas labregas também aumentado, mas aqui a situação é menos grave porque, como se sabe, a duração de vida de uma empresa labrega é de um ano, exactamente o tempo que levam a esgotar-se os fundos europeus de incentivo à criação de empresas.
Estima-se um novo fluxo de emigração nacional com características muito diferentes das que assistimos na década de 60 do século XX: a mão-de-obra especializada e sem paciência para os labregos nacionais começa calmamente a abandonar o país.
Os labregos andam tão preocupados (fizeram contas e descobriram que os que ficam são todos uns labregos tesos) que lançaram esta semana o programa social “Adopte um Português”. Quem quiser ficar e ser adoptado por um labrego basta inscrever-se no centro de segurança social da sua zona de residência.
Cantem comigo o novo hino nacional: «Labregos do mar…»
Nota: Quem acha que eu estou a reinar que faça uma visita aqui
Publicado a 21 de Junho de 2005