sexta-feira, julho 29, 2005

A Razão Oculta

oculta
Sempre me interessou o oculto.
Por isso não percebo o fascínio pelas praias de nudismo.

quinta-feira, julho 28, 2005

A Razão Bipolar

bipolar
Os governos que se sucedem em catadupa, nesta novela mexicana a que simpaticamente chamamos de país, gostam de nos presentear com meias medidas para resolver o caos e a desordem económica e social, conseguidas com anos e anos de desleixo e incompetência. Um exemplo recente é o aumento do IVA: sabemos que não vai resolver coisa nenhuma porque o seu efeito mais imediato é reduzir o consumo e, consequentemente, a receita.
Estas meias medidas contrastam com a nossa mais evidente característica nacional: o povo português é bipolar. Num minuto somos os maiores do mundo, e no minuto seguinte somos umas verdadeiras merdas intergalácticas que mais valia termos servido de combustível para o big bang.
Não conhecemos meios termos. Somos uns verdadeiros interruptores, umas vezes no «on», outras vezes (a maior parte delas) no «off». A nossa auto-estima nacional assemelha-se a um electrocardiograma a captar os efeitos de um defibrilhador.
A coisa é bastante ridícula quando olhamos de fora. Recuemos um ano atrás para observar o comportamento dos portugueses face à sua selecção nacional: quando começou o Euro 2004 ninguém acreditava, nem deixava de acreditar, que Portugal fosse muito longe. Quando fizemos o jogo de abertura com os gregos e perdemos, ficámos com certeza absoluta que tínhamos uma equipa de merda. Três jogos e alguns milhares de bandeiras mais tarde já estávamos no extremo de achar que íamos ser campeões europeus. E depois perdemos outra vez com os gregos. Auto-estima rasteira de novo.
Outro exemplo: o governo de Santana fez-nos acreditar que o país estava virado do avesso, o que explicava as dores nas costas de muita gente. Quando Sócrates ganhou as eleições (e o país continuou virado do avesso) todos os problemas acabaram porque tinha chegado um novo senhor, muito competente, que ia tratar de resolver tudo. O simples facto de Sócrates ter sido eleito já foi suficiente para deixarmos de nos preocupar. E depois foi o que se viu. Auto-estima rasteira outra vez...
Esta incapacidade de atingirmos o equilíbrio faz parte da nossa nacionalidade. Se fôssemos sempre os maiores seríamos espanhóis (com toda a megalomania imbecilóide inerente); se fôssemos sempre uma merda seríamos luxemburgueses ou belgas, os povos mais cinzentos e desinteressantes da Europa (o primeiro deles está curiosamente atestado da maior comunidade emigrante portuguesa).
Feliz ou infelizmente, a bipolaridade é o que nos faz portugueses. Ninguém nos pode acusar de sermos um povinho monótono.

quarta-feira, julho 27, 2005

A Razão do Bidé

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Existem objectos no nosso quotidiano que são perfeitamente inúteis ou redundantes. Simplesmente porque estamos tão habituados a conviver com eles, não nos apercebemos da sua irrelevância (agora que penso nisto também posso dizer o mesmo de algumas pessoas, mas isso fica para outra Razão).
O bidé é um dos objectos mais estúpidos do planeta – o que não é de admirar se pensarmos que foi inventado por um dos povos mais imbecis à face da terra: os franceses.
Só um povo que não gosta de se lavar poderia ter inventado o bidé (e os perfumes, que têm uma ligação directa com a utilização do bidé – é que lavar os sovacos num bidé não dá assim muito jeito).
O que faz um bidé que não faz melhor uma banheira ou um chuveiro? Para não falar das posições ridículas que fazemos sentados num bidé...
O bidé é o corolário da cultura francesa: uns porcos arrogantes e mal cheirosos, interessados em lavar apenas as partes baixas.
Estou tentado a fazer um take over hostil ao Club Mediterranée, e a substituir todos os bidés por agulhetas de bombeiros; mas tenho medo que depois de lhes tirar a merda toda que têm em cima, não reste nada daquele povo ridículo que fala com a boquinha em «U».

terça-feira, julho 26, 2005

A Razão do Guinness

No último fim de semana passou por mim uma carrinha que anunciava «O Maior Gaspacho do Mundo – 4.500 litros numa só panela». O evento teve lugar em Cercal do Alentejo e visava estabelecer um recorde para o Livro de Recordes do Guinness.
É curioso ver como os recordes portugueses do Guinness estão recorrentemente ligados ao acto de comer:
- A maior feijoada do mundo
- O maior pão com chouriço do mundo
- A maior caldeirada do mundo
- O maior logotipo humano do mundo (com este comemos os espanhóis mais a sua candidatura ao Europeu de 2004).
Esta ligação dos nossos recordes a uma necessidade básica lembra-me de
Maslow e da sua Pirâmide de Necessidades Humanas. Dizia ele que o indivíduo procura preencher um conjunto de necessidades que têm uma hierarquia específica: primeiro tem de assegurar as necessidades básicas, de índole fisiológica (comer, dormir, procriar, pela ordem que estivermos mais virados na altura); asseguradas estas, passa para outro nível de necessidades que se prendem com a segurança, a pertença e a aceitação social (é nesta fase que muitos se sentem impelidos a comprar o kit de sócio do Benfica); quando este nível de necessidades está cumprido, passa ao nível seguinte, a necessidade de poder. Nesta fase o indivíduo quer mandar e ser obedecido. Surgem nesta altura os pequenos poderes, que bem conhecemos atrás de um qualquer balcão de atendimento de uma qualquer instituíção da Função Pública. Finalmente atinge-se o topo da pirâmide com a necessidade de prestígio – fase em que o indivíduo quer ser reconhecido socialmente por um qualquer feito que tenha realizado. O Zézé Camarinha é um exemplo vivo desta fase: o homem quer que lhe reconheçam a façanha de ter disseminado os seus genes pelos reinos da Dinamarca e da Coroa Britânica (daqui a duas gerações estima-se que 2 em cada 3 dinamarqueses ou britânicos descendam directa ou indirectamente de Zézé Camarinha).
Voltando ao tema dos nossos recordes do Guinness eu concluiria que Portugal ainda está no seu grau zero da hierarquia de necessidades: enquanto os americanos estabelecem recordes que contribuem para aumentar o seu prestígio, como o primeiro homem na lua, ou o prédio mais alto do mundo, os portugueses limitam-se a morfar feijoada em cima de uma ponte, ou a javardarem-se todos dentro de uma panela de gaspacho. É tudo uma questão de necessidades...

segunda-feira, julho 25, 2005

A Razão Monárquica

Duarte Pio João Miguel Gabriel Rafael de Bragança afirmou numa recente entrevista que se sente «rei dos portugueses».
Inexplicavelmente, este pateta alegre continua a ter espaço nos media para poder presentear os seus «súbditos» com aleivosias deste tipo.
Que eu me lembre, este senhor pertence à Casa de Bragança, uma família real conhecida, entre outras coisas, por ter uns cromos difíceis:
Maria a Louca, que tinha este apelido porque via e dizia coisas inenarráveis – felizmente que na altura não existiam revistas que a entrevistassem.
João, o rei que se borrou todo e abandonou o seus país na eminência da invasão napoleónica, fugindo para o Brasil com toda a corte (cerca de um milhar de maduros), replicando do lado de lá o reino de pacotilha que tinha por cá.
Pedro, filho de João, que provocou a independência do Brasil e se autoproclamou Imperador daquelas bandas. Um gajo tão limitado intelectualmente que levou ao desespero os seus súbditos tropicais, tendo sido deposto e recambiado de volta para Portugal.
Ora se os Braganças têm na sua linhagem fracos exemplos de liderança e fartos exemplos de loucura, cobardia, incompetência, e total ausência de responsabilidade, porque raio é que eu tenho de levar ciclicamente com a gonorreia mental desta real alimária? Alguém explica ao senhor as virtudes ergonómicas de uma guilhotina?

sexta-feira, julho 22, 2005

A Razão a Nú

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O humor é a razão enlouquecida.


Groucho Marx

quinta-feira, julho 21, 2005

A Razão Criteriosa

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O tipo de humor que aprecio é aquele que me faz rir durante cinco segundos e pensar durante dez minutos.
William Davis

quarta-feira, julho 20, 2005

A Razão Genial

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Toda a gente é genial pelo menos uma vez por ano. O que os distingue dos verdadeiros génios é que estes últimos têm as suas ideias brilhantes em períodos menos espaçados.
Georg C. Lichtenberg

terça-feira, julho 19, 2005

A Razão da Maioria

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Noventa por cento dos políticos dão aos restantes dez por cento uma péssima reputação.
Henry Kissinger

segunda-feira, julho 18, 2005

A Razão Óbvia

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Se o voto alterasse alguma coisa, alguém o tornaria ilegal.


Emma Goldman

sexta-feira, julho 15, 2005

A Razão Informática

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Nunca confies num computador que não possas atirar pela janela.

Steve Wozniak

quinta-feira, julho 14, 2005

A Razão Democrática

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Enquanto houverem pessoas neste país que estejam dispostas a lutar pelos seus direitos, vamos continuar a ser considerados uma democracia.
Roger Baldwin

quarta-feira, julho 13, 2005

A Razão Igualitária

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Estou livre de qualquer preconceito.
Odeio toda a gente da mesma maneira.

W. C. Fields

terça-feira, julho 12, 2005

A Razão Hereditária

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O meu pai teve uma profunda influência sobre mim, ele era lunático.
Spike Milligan

segunda-feira, julho 11, 2005

A Razão da Boa Forma

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A minha avó começou a caminhar cinco quilómetros por dia quando fez sessenta anos. Actualmente está com noventa e nove anos e nós não fazemos a mínima ideia aonde é que ela anda.

Ellen DeGeneres

sábado, julho 09, 2005

A Razão Perfeita

Perfeita
Foi escrito e cantado em 1993 num e para um país que não era o nosso. Ainda assim, sempre que ouço isto, lembro-me da nossa novela mexicana, com os devidos descontos, mas com a mesma essência.

Vamos celebrar a estupidez humana
A estupidez de todas as nações
O meu país e sua corja de assassinos
Covardes, estupradores e ladrões
Vamos celebrar a estupidez do povo
Nossa polícia e televisão
Vamos celebrar nosso governo
E nosso estado que não é nação
Celebrar a juventude sem escola
As crianças mortas
Celebrar nossa desunião
Vamos celebrar Eros e Thanatos,
Persephone e Hades
Vamos celebrar nossa tristeza
Vamos celebrar nossa vaidade
-
Vamos comemorar como idiotas
A cada fevereiro e feriado
Todos os mortos na estrada
Os mortos por falta de hospitais
Vamos celebrar nossa justiça
A ganância e a difamação
Vamos celebrar os preconceitos
O voto dos analfabetos
Comemorar a água podre
E todos os impostos
Queimadas mentiras e sequestro
Nosso castelo de cartas marcadas
O trabalho escravo
Nosso pequeno universo
Toda hipocrisia e toda afetação
Todo roubo e toda a indiferença
Vamos celebrar epidemias:
É a festa da torcida campeã.
-
Vamos celebrar a fome
Não ter a quem ouvir
Não se ter a quem amar
Vamos alimentar o que é maldade
Vamos machucar um coração
Vamos celebrar nossa bandeira
Nosso passado de absurdos gloriosos
Tudo que é gratuito e feio
Tudo que é normal
Vamos cantar juntos o hino nacional
A lágrima é verdadeira
Vamos celebrar nossa saudade
E comemorar a nossa solidão
-
Vamos festejar a inveja
A intolerância e a incompreensão
Vamos festejar a violência
E esquecer a nossa gente
Que trabalhou honestamente a vida inteira
E agora não tem mais direito a nada
Vamos celebrar a aberração
De toda a nossa falta de bom senso
Nosso descaso por educação
Vamos celebrar o horror de tudo isso
Com festa, velório e caixão
Está tudo morto e enterrado agora
Já que também podemos celebrar
A estupidez de quem cantou esta canção
-
Venha, meu coração está com pressa
Quando a esperança está dispersa
Só a verdade me liberta
Chega de maldade e ilusão
Venha, o amor tem sempre a porta aberta
E vem chegando a primavera
Nosso futuro recomeça:
Venha, que o que vem é perfeição.
-
.

sexta-feira, julho 08, 2005

A Razão a Banhos

banhos
A Razão vai a banhos nos próximos 15 dias. Como ir a banhos em Portugal não contribui em nada para a minha sanidade mental (labregos, arrastões, incêndios, greves, e governos desgovernados por labregos incompetentes) decidi comprar um bilhete de avião que me levasse momentaneamente daqui para fora. Qual não é meu espanto que, ao comprar o dito bilhete, levo com dois dos mais recentes impostos criados por essa abstracção incómoda, também designada por Estado português. Para quem anda distraído, temos mais dois novos impostos a serem aplicados cada vez que decidirmos apanhar um avião para fora da novela mexicana: o imposto de segurança (parece que temos que pagar para precaver o facto do avião poder caír e do Estado perder um fiel contribuinte) e o imposto de combustível (aparentemente temos que pagar pelo facto do avião precisar de combustível para voar – porque senão cai e temos o tal imposto de segurança). Ao somar o custo dos dois novos impostos reparei que eles equivaliam a 40% do custo do bilhete de avião. É nestas pequenas coisas que reparo que a política do governo não anda muito longe do modus operandi do arrastão da Caparica. Uns e outros passam por nós de qualquer maneira, levam tudo o que podem rapidamente, e deixam-nos com aquele ar estupefacto do estilo «isto está mesmo a acontecer ou entrei por acaso num set de filmagens?».

Durante os próximos 15 dias deixo-vos com Razões em Conserva: daquelas que têm sempre validade, e que estão sempre al dente. Divirtam-se com elas. E façam-me um favor: evitem-me as greves.

quinta-feira, julho 07, 2005

A Razão das Palmas

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Que os portugueses batem palmas sempre que o seu avião aterra já se tinha dito no post anterior. Mas importa reflectir um pouco sobre esta questão. Porquê as palmas? Porquê essa satisfação toda?
- Será porque entraram no avião a pensar que o piloto era um merdas de um maçarico e que o mais provável era despenharem-se todos antes de chegarem ao seu destino?
- Será porque achavam que iam ser desviados por um grupo de somalis radicais, sodomizados a bordo, e atirados contra um edifício qualquer?
- Será uma maneira de demonstrar o alívio de não terem de aguentar mais uma daquelas refeições plásticas servidas a bordo?
- Será porque estão tão excitadinhos por chegarem ao seu local de destino que fazem como as criancinhas «mim gosta! mim gosta!» regaladas com uma prendinha que nunca pensaram ter?
Pessoalmente acho que é tudo isto ao mesmo tempo. O que me leva a pensar porque não alargam esta utilização alarve das palmas a outras ocasiões do seu dia a dia:

Os passageiros de autocarro, comboio, e metro deveriam bater palmas em cada paragem. As viagens seriam muito mais animadas, garanto-vos, principalmente em hora de ponta a tentar fazer uma mão bater na outra num espaço inferior a 3mm.

No restaurante deveriam bater palmas no final de cada refeição, logo a seguir ao café e/ou aos digestivos, mostrando abertamente a sua satisfação ou, pelo contrário, apupar o empregado e todo o staff da cozinha se a coisa não esteve do seu agrado.

No final de um excelente dia de praia, satisfeitos por terem alterado temporariamente a pigmentação da sua pele, e por terem tido a sorte de ficar ao lado daquela morena escultural em topless, mais palmas.

A fazer o check-out do hotel onde passaram algumas noites agradáveis, bater umas valentes palmas ao concierge e ao recepcionista. Poderiam também pedir expressamente a presença da empregada da limpeza na recepção do hotel, só para lhe bater umas palmas pelo excelente serviço de impeza do quarto.

Uma coisa era certa: tudo isto pareceria uma grande festa. Uma festa rídicula é certo, mas mais rídiculo do que já é começa a parecer-me impossível. Palmas!

quarta-feira, julho 06, 2005

A Razão das Férias Lusas

ferias lusas
Não há nada mais exasperante do que ir de férias para um sítio recheado de portugueses. Depois de 18 anos a levar com portugueses no Algarve prometi a mim mesmo passar as minhas férias, para o resto da minha vida, fora de Portugal. A maior parte das vezes consigo viajar para sítios sem tugas. Outras vezes não tenho essa sorte, e já sei a sorte que me espera:
No Avião para Lá
Para parecerem muito modernos e muito rodados na onda de viajar de avião, os portugueses comportam-se como se estivessem num autocarro de carreira em hora de ponta. Andam de um lado para o outro de pé. Encostam-se à cadeira de quem calhar. Sentam-se nos braços da cadeira ao seu lado. Gritam ruidosamente para manter uma conversa com a excursão de amigos e amigas que viajam com eles, sentados em pontos opostos do avião. E naqueles vôos de longo curso, onde o que eu só quero é dormir para não sentir a viagem passar, passam a noite excitadinhos que nem uma criança à espera do Pai Natal, e a beber que nem uns javardos. Gosto particularmente da fase da aterragem, onde todos batem palmas como se estivessem num circo.
No Pequeno Almoço do Hotel
Distinguir um português em férias antes de ele abrir a boca é um exercício penosamente elementar. Podemos distingui-los pelo belo calçãozinho de banho com padrão príncipe de gales, acompanhado pelas chanatas, ou pelo sapatinho de vela com peúga de cor variada, dependendo do seu grau de sofisticação social. Mas se porventura já aprenderam a vestir-se decentemente há uma coisa que não falha: a quantidade inacreditável de comida que, no buffet, conseguem transportar nos pratos. E a quantidade de vezes que repetem. Se não repetirem 3 vezes é porque estão com azia da viagem.
Na Praia
Aqui continua ser fácil porque se comportam como se estivessem na Caparica: berram que nem uns desalmados, levam um lanchinho proveniente do pequeno almoço, e estão sempre acompanhados por uma bola de futebol que insistem em chutar para cima dos outros (mais por falta de jeito do que intencionalmente). Os que não levam bola passam o dia a chafurdar dentro de água, a dois metros da areia, numa actividade que consideram tratar-se de snorkelling.
No Comércio Local
Não compram nada que não seja muito bem regateado. Não interessa nada se estão a regatear preços miseráveis. De calculadora na mão, estão dispostos a negociar 5 cêntimos para orgulhosamente acharem que não só não foram enganados, como enganaram o pelintra que estava a vender o pechisbeque para comer a sua refeição diária. Claro que neste processo a chinfrineira é mais que muita...
No Avião de Volta
Regressam normalmente decorados com os artigos locais: o chapéu de palha ou feito com folha de palmeira pelo barman do hotel; a camisinha às flores; a t-shirt alusiva tipo «Yo estube en Varadero»; O cabelinho entrançado à lá nativa; a tatuagem temporária no braço; todos com um bronzeado excessivo, próximo da insolação, meio inchados do sol e da bebida. O seu comportamento dentro avião é um remake do que fizeram à ida.
Felizmente tenho um agente de viagens que me compreende. Quando me vê chegar para comprar as minhas férias, diz sempre: «já sei onde é que não vai passar férias este ano».

terça-feira, julho 05, 2005

A Razão Deslizante

deslizar
A superfíce do nosso país tem um problema. Não sei se é de lhe puxarmos muito o brilho ou, pelo contrário, se é de não a lavarmos com a frequência necessária para evitarmos que se engordure. O que é um facto é que temos um problema na superfície. É pouco aderente. Escorrega. Desliza.
Olhamos diariamente à nossa volta e vemos o efeito nefasto que a superfície deslizante tem no nosso país. É só malta a deslizar. E alguns deslizam tanto que já desenvolveram um estilo próprio. Parece patinagem artística. Por vezes só me apetece gritar “acht kommer sechs, acht kommer vier, sieben kommer drei” dependendo das figuras de estilo dos artistas que se atravessam à minha frente a deslizar. O que me preocupa é que as pessoas já não reparam na pouca aderência da superfície. Já ninguém está com pachorra de lhe chegar com uma esfregona atestada de detergente. Já toda a gente acha isto normal.
Olha-se para o lado e lá vem o Carlos Cruz a deslizar que nem um maluco com uma data de criancinhas atrás dele. Olha-se para o outro e vê-se o Albarran a deslizar agarrado ao Carlucci a tentar fazer um pião vertical. Volta-se a olhar e já lá vem Guedes a deslizar por entre os sobreiros; olha-se de novo e aparece o Campos & Cunha em valente slide abrutalhado por cima do orçamento do Estado. Bolas…
Será que se atirarmos areia esta malta não pára de deslizar? Nem que seja para os olhos…

segunda-feira, julho 04, 2005

A Razão da Corrupção

corrupcao
Portugal tem um dos índices mais elevados de corrupção da Europa. Até aqui não há novidade nenhuma. Seria de esperar que os Governos que se sucedem em catadupa nesta nossa telenovela mexicana, a que chamamos simpaticamente de país, dedicassem uma boa parte do seu programa de governo ao combate à corrupção. No entanto isso não acontece, seja porque são incapazes de criar medidas eficazes para a combater, seja porque necessitam dela para serem eleitos e mantidos – o que nos leva ao efeito «pescadinha, não apenas com o rabo, mas com o corpo inteiro dentro da boca», qual contorcionista chinesa.
Estava eu a pensar nas contorcionistas chinesas, quando deparei com uma notícia interessante sobre os chineses, a corrupção, e os portugueses.
Antes dos portugueses saírem de Macau, 63% dos chineses que ali habitavam manifestavam-se preocupados com os índices de corrupção. Estando a administração do território de Macau entregue aos portugueses o que me surpreende é que a percentagem de chineses preocupados não atingisse os 100%.
Hoje em dia, 6 anos depois dos portugueses entregarem a administração do território aos seus donos legítimos, a percentagem de chineses preocupados com a corrupção baixou para 9%. Sintomático han?
Está portanto descoberta a medida mais eficaz no combate à corrupção no território luso: mandar o Estado português, e os portugueses, embora do país.
Em apenas 6 anos resolve-se exemplarmente uma questão quase milenar.

sábado, julho 02, 2005

A Razão Rectificativa

rectificativo

O Governo rectificou o orçamento geral dessa abstracção incómoda que é o Estado. A principal rectificação deu-se nas despesas do Estado, que aumentaram e passaram a ser 50% do orçamento. Metade do dinheiro que estes gajos me levam todos os meses vai direitinho para pagar os encargos que o Estado tem com ele próprio. Afinal as greves da Função Pública dão resultado. Bora prá praia malta!
Será que ainda vamos a tempo de rectificar o Governo? Não?! OK, então bora prá praia.

sexta-feira, julho 01, 2005

A Razão da Coisa

coisa
Falar da coisa não é coisa fácil. Apesar da coisa ser a forma mais fácil de falar de muita coisa. O que é certo é que crescemos com a coisa. E quando a coisa nalguma altura das nossas vidas não correu bem, houve sempre qualquer coisa que safou a coisa. Ou vice versa.
Habituámo-nos a muita coisa ao longo do tempo: aquela coisa política, aquela coisa privada, aquela coisa pública, aquela coisa estúpida, aquela coisa inexplicável, aquela coisa importante, e um sem número de coisas que nos chateiam, que nos aborrecem, que nos fazem felizes e nos fazem rir, mesmo quando a coisa não tem piada nenhuma.
Não estou obviamente a falar das coisinhas, que também têm a sua importância, mas não são a coisa. Nem sequer falo do coisinho, sempre insignificante, mas simpático. Muito menos do coiso, que tem lá o seu lugarzinho cativo a caminho de uma coisa qualquer.
Estou a falar daquela coisa que cresce connosco, que nos acompanha no dia-a-dia, e que torna a coisa numa coisa diferente. Quantas vezes não viram qualquer coisa numa determinada pessoa? Quantas vezes não vos ia dando uma coisa? Quantas vezes não vos apeteceu dizer uma coisa? Quantas vezes não vos apeteceu... qualquer coisa? E quantas vezes a coisa não ficou por aí mesmo...
A verdade é que há sempre qualquer coisa que não é uma coisa qualquer. Ou a falta de qualquer coisa, para a qual procuramos uma coisa qualquer. Uma coisa é certa: ter mão na coisa não é a mesma coisa que ter a coisa na mão. E isso faz toda a diferença se pensarmos bem na coisa. Há coisas que, de facto, nos fazem pensar que há com cada coisa...
Que coisa!