Todos os países têm o seu jet set. O jet set é uma espécie de nova nobreza. O povo gosta de os ver, gosta de saber das suas vidas pseudo-glamorosas, de saber o que vestem, onde vão, com quem vão, etc. Nessa Europa fora o jet set é entendido como criador de tendências e de modas. Em Portugal também. Com uma pequena nuance: são jet 6. Isso coloca-os em desvantagem quando comparados com os seus colegas europeus. Mas não interessa nada desde que vendam revistas e lhes paguem para andar em festas.
Portugal é um país pobrezinho e portanto tem o jet set que merece: feios, porcos e estúpidos, parecendo saídos de um filme de Felini. Para se pertencer ao jet set nacional não são precisas grandes habilitações: o ensino primário é suficiente. Convém no entanto aparecer na televisão nacional, o que é escrupulosamente cumprido pelos jet seises tugas. Mas para além disso convém ser fotografado em festas que não interessam a ninguém a fazer pendant com alguém endinheirado.
O segredo do sucesso de um jet 6 nacional é uma receita muito básica: quem consiga grangear fama a desbastar tribos inteiras de somalis ultrapassa a fase do estágio; depois abocanha-se um falo famoso num programa televisivo (ou num Jaguar qualquer), estica-se a fronha com botox, atesta-se o lábio superior com silicone, fala-se nisso tudo numa revista côr-de-rosa e já está: é-se do jet 6.
Ter um QI acima da média é prejudicial – é bem dizerem-se umas alarvidades sem sentido para que o povo se consiga identificar com eles. Mas acima de tudo o que um membro do jet 6 tem que ter é uma imensa vontade de dizer, sempre com a boquinha em “U”, coisas inteligentes do tipo “estar vivo é o contrário de estar morto” (frase emblemática dessa rainha bacoca do jet 6, Lili Caneças).
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