Tenho pouco jeito para a chamada conversa mole, e uma verdadeira admiração por aquelas pessoas que conseguem manter uma conversa sem dizer absolutamente nada de relevante ou de interessante. Só para encher chouriços. Isto lembra-me que costumo ser bastante telegráfico ao telefone, digo o essencial, não por estar preocupado com o tarifário (se bem que há por aí cada tarifário…) mas porque não considero o telefone um instrumento social. O telefone é algo que uso com uma perspectiva perfeitamente funcional com o objectivo de dizer algo de muito concreto, e rapidamente. A conversa, essa é para se ter olhos nos olhos. Não consigo conversar decentemente com alguém que não consigo olhar direitinho nos olhos. O que me leva aquela malta que tem imensa dificuldade em fitar os olhos do seu interlocutor: pode ser uma manifestação de timidez, mas não deixa de enervar ver aqueles olhos a passear por todo o lado só para evitarem os meus. E os que falam sem olhar nos olhos e a rabiscar uma folha de papel parecendo que o raciocínio se desenvolve à proporção da quantidade de tinta que vai jorrando para o papel. Esses ainda me chateiam mais, porque me distraem, porque mesmo não querendo a minha atenção se vai centrando nos rabiscos que eles vão fazendo e o seu discurso começa a desaparecer em fade out na minha cabeça, ao ponto de ficar tudo em silêncio, só com o ruído do rabisco.
Tudo isto para dizer que ando com falta de assunto, e que este post já está atestadinho de conversa mole.
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