O puto era maluco e tinha a mania das grandezas. A culpa não era dele: deram-lhe um reino para brincar aos 3 anos e meio, estavam mesmo a pedir o que viria a acontecer. Não é que eu duvide que um tipo com 3 anos e meio tenha capacidade para liderar um país – o Sócrates tem a idade mental de dois anos e está à frente do Governo (a culpa não é dele, ninguém tem culpa de ser eleito por um bando de papalvos). Mas estou a desviar-me do que interessa:
O puto era maluco e tinha a mania das grandezas. Mandava na telenovela mexicana desde tenra idade e nutria uma obsessão invulgar pelo Norte de África (tinha sido por ali que em tempos idos tinham chegado os somalis que o sodomizaram repetidamente aquando do seu 13º aniversário). Nunca se percebeu se o gajo tinha gostado ou não. Aquela obsessão não deixava transparecer se era um desejo de vingança, se era saudade daqueles efebos viris. Mas também nunca ninguém perdeu muito tempo a pensar nisso.
A obsessão foi crescendo com a idade e, aos 20 anos decide fazer a sua primeira expedição ao Norte de África tendo desembarcado, com meia dúzia de combatentes em Ceuta encarando a invasão numa perspectiva de desporto radical. Os árabes retiraram-se rapidamente pensando que aquele meia dúzia de malucos não se aventurariam assim, se não tivessem as costas quentes. Sem ninguém para andar à porrada o puto maluco dirigiu-se para Tânger, onde também ali os árabes pensaram que se tratava de um primeiro grupo de um extenso exército invasor, bazando de seguida.
O puto maluco chateou-se com aquilo tudo, queria andar à porrada e não havia ninguém em quem bater. Então decidiu voltar à telenovela mexicana, e recrutar um exército maior para andar à porrada em Alcácer Quibir.
4 anos e 18.000 homens depois ali estava ele, novamente em Tânger, de peito feito para dar cabo daquela merda toda. A 4 de Agosto, em Alcácer Quibir, o puto maluco e o grupo de 18.000 babacas que o seguia foi exemplarmente dizimado em apenas um dia, inspirando dois mitos nacionais: o «Sebastianismo», que consiste em não fazer absolutamente nada e esperar que as coisas se resolvam per si, surgidas no meio do nevoeiro; e a «Morte na Praia» cujos exemplos mais recentes podemos encontrar nas finais do Euro 2004 e na Taça Uefa 2005.
Haja nevoeiro, porque pelo menos assim não se vê o que aí vem à frente (nem atrás).
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