Em Portugal, a forma mais prática de não se tomar qualquer decisão é promover uma reunião. Por isso é que o país se arrasta penosamente de crise em crise, afogado em reuniões que justificam o salário de quem as faz, mas que não resolvem absolutamente nada.
Portugal sofre de reunite, um mal que dita que não há urgência que não possa esperar 15 dias, ao ponto de deixar de ser urgência porque se acabou por resolver por si. A razão da reunião é muito simples: é empatar o processo de tomada de decisão a um ponto de já não fazer sentido tomá-la. Na génese do processo está a incapacidade, e a falta de vontade de se tomar a decisão, porque ao fazê-lo poderemos estar a comprometer qualquer coisa no nosso futuro. Assim não corremos o risco de sermos acusados de tomarmos uma má decisão.
E depois a reunião dá uma ideia ilusória de que estamos a trabalhar: fechados numa sala de reuniões a discutir o sexo dos anjos, e a justificar um salário, os portugueses sentem-se úteis, independentemente se no final do dia se chegou a alguma conclusão. Aliás, a conclusão mais obtida em Portugal é que se tem de fazer outra reunião para esclarecer o que ficou por concluir, e assim até ao infinito. Por isso, quando ouço o Sócrates dizer que a primeira medida que tomou quanto à posse ilegal de armas de fogo é fazer uma reunião, fico descansado: vou poder continuar a manter a minha bazuca sem que ninguém me chateie.
quarta-feira, abril 13, 2005
A Razão da Reunião
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