quinta-feira, março 24, 2005

A Razão dos Consultores

consultores

A Economia tem destas coisas chamadas ciclos. Invariavelmente, de 10 em 10 anos, entramos num ciclo desfavorável e instala-se a crise: o investimento cai, os consumidores perdem poder de compra, as falências disparam, e o desemprego cresce. Pessoalmente acho que as crises económicas têm as suas virtudes, são uma espécie de purga do poder instalado, da incompetência acomodada, do laxismo, da corrupção e dos vícios instituídos. Tenho a perfeita noção que a reacção à crise fará nascer novas competências, novos sistemas, e novos vícios que um dia terão que ser erradicados com outra crise. Portanto encaremos a crise como um mal necessário.
O que eu não gosto nas crises é que estas promovem o aparecimento de uma classe de gente que não suporto: os consultores. Estes gajos estão para as crises económicas como os mosquitos estão para as águas paradas, com a desvantagem de não existir um repelente eficaz para estes animais.
Para percebermos a razão da proliferação dos consultores durante os períodos de crise é preciso sabermos como nasce e o que faz um consultor.
Na realidade um consultor é alguém que, depois de ter trabalhado uma série de anos numa determinada área de negócio, se vê no olho da rua por já não acrescentar absolutamente nada ao processo produtivo da sua empresa e, consequentemente, da sua indústria. Enfim, um javardolas incompetente que já não consegue arranjar colocação em lugar nenhum e que inevitavelmente vai ter que desenrascar dinheiro dando conselhos a alguém.
Claro que ainda há aquelas empresas de consultadoria que recruta e forma licenciados no exercício do aconselhamento feito na óptica do senior partner incompetente que um dia fundou aquela empresa, mas esses eu vou considerá-los uns equivocados, sem uma vocação definida, a cometer um erro de juventude.
O que faz então um consultor?
Um amigo meu tem um definição curiosa da actividade do consultor. Diz ele que “um consultor é um tipo que sabe de 2.253 maneira de fazer amor com uma mulher, mas ainda está à espera de conhecer a sua primeira namorada”.
Eu vejo-os mais como umas sanguessugas sem um único pensamento original que recebem avultadas somas de dinheiro para dizerem exactamente aquilo que o conselho de administração que os contrata quer ouvir. Uma espécie de “yes men” vestidos de Armani que garantem que os disparates de gestão cometidos pelas alimárias empresárias deste país têm alguma espécie de legitimidade. Um aval dado por um incompetente a outro incompetente.
Mas também o que esperar de alguém que só desempenha aquela função porque não lhe é reconhecida competência para integrar uma estrutura empresarial? O que vale é que, tal como os mosquitos desaparecem quando começam a caír as primeiras chuvas e a água podre começa a escoar, também os consultores são “escoados” quando a Economia retoma, e os negócios começam a dar dinheiro.

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