Dois indivíduos trabalham como porteiros num conhecido hotel nova-iorquino, um deles é português, o outro é americano. Uma das suas qualificadas funções é conduzir até à garagem do hotel os carros dos clientes que diariamente frequentam o hotel. Sempre que o americano estaciona um carrito caro fica motivado e pensa “tenho que desempenhar a minha função o melhor que sei e, um dia, com sorte e muita dedicação serei eu que um dia deixarei aqui um destes carros para alguém estacionar”. Mais construtivo, o porteiro português pensa “ganda sacana, tenho que arranjar uma maneira de te lixar a pintura do carro sem que ninguém perceba que fui eu. Deves ter a mania que és melhor que os outros por andares de Jaguar”.
Há um ano atrás uma agência portuguesa de publicidade ganhava o Grande Prémio de Cannes em Imprensa perante um júri internacional. Era o prémio mais elevado que alguma vez o país tinha ganho num festival internacional de publicidade. Passadas 24 horas o prémio foi-lhe retirado porque a delegação portuguesa em Cannes conseguiu arranjar provas de que o anúncio tinha sido criado propositadamente para o festival (coisa perfeitamente normal em concursos internacionais de publicidade).
Um estudo recente do ICEP sobre as características predominantes da cultura portuguesa revela que aquilo que melhor nos distingue dos outros povos é a nossa doentia queda para invejar tudo e todos, o que nos leva a andar lixados com a vida o tempo todo. Nada de novo aqui.
A razão de existência dos portugueses são os outros (portugueses) e aquilo que eles têm (ou não). Se têm mais que nós está tudo estragado, ficamos completamente lixados e não descansamos enquanto não tansformamos o objecto da nossa inveja a pó. A postura é: se eu não tenho tu também não terás! E portanto todas as energias são gastas a destruir qualquer hipótese de alguém vir a ter seja o que fôr. Depois lemos as estatísticas nacionais: desenvolvimento mais baixo da europa, confiança dos consumidores a dar mais para a desconfiança, fraca produtividade, elevadas taxas de absentismo, e esse chorrilho de números que diariamente nos mostram o quão pequeninos e mesquinhos somos. E depois de andarmos durante o dia a lixar o maior número de mamíferos lusitanos que conseguirmos: vizinhos, colegas de trabalho, transeuntes, condutores, balconistas, empregados de café, patrões, etc. Chegamos a casa, enchemos o pé no cão que está deitado no nosso sofá, ligamos a TVI, e acalmamos durante umas horas a olhar para a desgraceira de vida de outros portugueses com uma existência mais miserável que a nossa. Nessa altura sentimo-nos realmente bem, sentimo-nos uns privilegiados por direito próprio.
Imagine-se canalizar para fins construtivos toda a energia que os portugueses gastam a lixar diária e paulatinamente outros portugueses, e teríamos um país a sério, e não um rectângulozinho complexado que se auto-denomina o “cu da Europa”.
3 comentários:
Nunca li algo tão certo sobre portugueses como aquilo que escreveu!
Nunca li algo tão certo sobre portugueses como aquilo que escreveu!
Ho, o quao correcto o autor descreve o espirito Portugues neste aspecto. O Portugues e' gente boa, mas acho que ainda tem muito por modificar neste sentido, para se tornar um autentico cidadao do mundo. Esta e' apenas uma critica construtiva.
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